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A inovação e os negócios da longevidade

JUL 08, 2022

André Rito e Sara Tarita - Expresso. Confira matéria original aqui.



Várias startups portuguesas estão a desenvolver tecnologias no âmbito da saúde e da longevidade: novos métodos de deteção de doenças, avaliação da fragilidade dos idosos, e laboratórios que promovem o envelhecimento saudável


O envelhecimento e a longevidade são um dos grandes focos da Agência Nacional de Inovação (ANI). Com a crise demográfica que afeta Portugal – e praticamente todos os países do mundo – fatores como a inovação e a tecnologia estão a assumir um papel decisivo em várias áreas com um objetivo comum: melhorar as condições de vida dos mais velhos. “Temos vários laboratórios no sector da saúde, em modelos colaborativos que surgiram para dar resposta aos desafios da longevidade”, afirma Joana Mendonça, presidente da ANI.

Entre várias iniciativas e apoios, um dos projetos que mais destaque teve durante a pandemia intitula-se “Proximidade Sénior”, cujo objetivo é identificar idosos em situação de fragilidade. Desenvolvido a partir dos Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES) Oeste Sul e Porto Oriental, na fase mais aguda da pandemia foram contactados, em apenas dois meses, mais de 17 mil idosos, pelo centro de contacto SNS24. Destes, cerca de 17% (mais de 2800) foram sinalizados pelos critérios de fragilidade.

Trata-se de um projeto em curso, apoiado pela ANI e financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, que visa estudar a aplicação a nível nacional de um programa piloto de rastreio e intervenção do Serviço Nacional de Telecuidados (SNS24) a idosos com risco de fragilidade – SNS24 Proximidade Sénior.

Falta de memória, limitações nos movimentos, dificuldades em resolver problemas ou isolamento são alguns dos problemas diagnosticados, numa avaliação com mais de uma dezena de perguntas. O objetivo é apoiar de forma remota os casos sinalizados, passando depois ao trabalho no terreno. Ao contrário da linha sénior, em que eram os utentes a fazer o contacto, este serviço inverte esta lógica, sendo o Serviço Nacional de Saúde a fazer o contacto e acompanhamento semanal deste grupo de pessoas, com mais de 75 anos, que apresentam não apenas dificuldades de saúde, mas também ao nível de segurança e das competências sociais.

MEDIR A FORÇA Foi precisamente para avaliar a fragilidade que surgiu, em 2021, uma start-up portuguesa chamada Gripwise. Um dispositivo digital - um dinamómetro - permite prevenir e diagnosticar, para tratar adequadamente esta síndrome. Estima-se que o aparelho possa vir a auxiliar 20 milhões de pessoas na Europa. Além de disponibilizar jogos de exercício físico para promover a reabilitação física dos idosos, os utilizadores podem fazer estes testes de forma remota.

"A ideia foi distinguida pela ANI no concurso de inovação World Summit Awards (2021)”, recordou ao Expresso Joana Mendonça, sublinhando que o projeto “incorpora Inteligência Artificial e big data”. “Permite a ludificação através de jogos de exercício físico para aumentar a atividade física dos idosos e promover a sua reabilitação. Em 2020, a Gripwise recebeu financiamento público e privado, no valor total de €616 mil.” Há outros projetos que, não dizendo diretamente respeito à saúde, terão impacto na nossa longevidade. “Podemos e devemos olhar para a longevidade de uma forma mais abrangente, focando, por exemplo, o impacto da meditação para evitar doenças inflamatórias. [No nosso trabalho], incluímos a tecnologia, os estudos de vida, os estudos laborais, a redução de um dia de semana de trabalho, a diminuição do stress. Tudo isto terá impacto na nossa longevidade”, afirma ao Expresso a presidente da ANI.

VÁRIOS DIAGNÓSTICOS, UM EQUIPAMENTO Chama-se Spinit, é uma tecnologia de diagnóstico pioneira capaz de realizar diferentes testes (hematologia, imunoensaios e química clínica) no mesmo equipamento. Desenvolvida pela start-up Biosurfit – um dos projetos apoiados pela ANI no âmbito do Programa Born From Nkowledge – a grande inovação desta empresa permite, através de uma simples picada para recolha de sangue, resultados fiáveis em minutos utilizando métodos de deteção múltipla, apresentando resultados que poderão ser relacionados com parâmetros das análises laboratoriais do utente.

O projeto assegurou incentivos financeiros de investimento do Programa PT2020 no valor de €4,3 milhões, além de uma parceria estratégica de €10 milhões, tendo arrecadado vários prémios internacionais. Na verdade, explica Joana Mendonça, “todo o nosso trabalho se baseia na construção de parcerias”. “Queremos inovar Portugal e isso implica uma abordagem colaborativa que integre universidades e politécnicos, centros de investigação, empresas, e indústria.”

Exemplo de trabalho com a academia são os laboratórios colaborativos. Apostando no envelhecimento saudável, multimorbidades, cuidados paliativos e demência, o Colab4Ageing dedica-se ao desenvolvimento e implementação de produtos e serviços na área do diagnóstico, terapias, dispositivos médicos, soluções de IT para pessoas envelhecidas, formação de profissionais e treino cognitivo, entre outras. Já o Value4Health foca-se na inovação em tecnologias para monitorizar resultados de saúde e apoiar a literacia dos pacientes, assim como o desenvolvimento de tecnologia e metodologias de monitorização de pacientes à distância.

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