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A Madeira quer ser "longevity friendly"

OUT 13, 2022

Maria Tereza Gomes - Globo.com. Confira matéria original aqui.


Plano da Ilha está alinhado com recomendação da OMS que designa cidades, regiões e países que encorajam e provêm oportunidades para que os idosos continuem a viver de forma independente pelo mais longo tempo possível


Ilha da Madeira, região autônoma de Portugal, pretende se tornar o primeiro arquipélago do mundo classificado como “age & longevity friendly” (Foto: Wikimedia Commons/Wikipedia) — Foto: Epoca Negocios


A Ilha da Madeira, região autônoma de Portugal, produz um vinho pouco consumido pelos brasileiros, mas que é tido como um dos cinco grandes do mundo, ao lado do Porto, Bordeaux, Borgonha e Champagne. E tem uma qualidade diferente dos demais, pois pode sobreviver por até três séculos, ganhando complexidade com o tempo. O Madeira seria quase imortal. Agora, a ilha localizada no Oceano Atlântico quer ser reconhecida também por outra qualidade ligada à longevidade: pretende investir para se tornar o primeiro arquipélago do mundo classificado como “age & longevity friendly”, alinhado com a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) que designa cidades, regiões e países que encorajam e provêm oportunidades para que os idosos continuem a viver de forma independente pelo mais longo tempo possível.


A iniciativa da Ilha da Madeira é inédita em Portugal, segundo a socióloga portuguesa Ana João Sepulveda, 53 anos, dona da consultoria 40+Lab e presidente da associação Aging Friendly Portugal. Ela ajudou voluntariamente a ilha a elaborar seu plano, que começou a ser colocado em prática durante a pandemia. A primeira iniciativa foi criar a Direção Regional de Políticas Integradas de Longevidade (DRPIL), o primeiro órgão do gênero no país a se dedicar exclusivamente aos desafios da longevidade e do envelhecimento. Entre as ações já implementadas está a adaptação do sistema de saúde para uma população que envelhece rapidamente: de 2011 a 2021,o número de madeirenses com mais de 65 anos aumentou em um quarto. Para Ana João, que presta consultoria de longevidade para empresas, seja apoiando projetos de marketing seja em processos de evangelização de equipes sobre o tema, a Madeira quer ser um modelo para Portugal. O seu país, me diz, “somente agora começa a falar de envelhecimento; ainda não tem uma estratégia para a longevidade”, diferentemente das vizinhas Espanha e Itália. Ela se refere ao governo, mas também às empresas: a maioria ainda estaria desenhando estratégias focadas no envelhecimento (quando a idade é o tema central) em vez de investir na longevidade (que aborda comportamentos e atitudes). “Um dos efeitos de longevidade é você deixar de ter a sua idade cronológica como seu referencial. Eu não sinto a idade que tenho”, explica. Assim, tudo o que seja definido com base em idade cronológica perde o sentido. Indo além, Ana João compartilha um conceito que viu recentemente num evento europeu sobre longevidade: em vez de dividir a sociedade por gerações, devemos dividi-la por estágios: go-go (pessoas ativas), go-slow (pessoas sem tanta pressa) e no-go (pessoas sem mobilidade). “Eu achei isso brilhante porque cada vez mais devemos olhar para o consumidor pelas suas motivações”, diz. Para ser "Age & Longevity Friendly", o projeto da Madeira vai além das questões de saúde. Passa também pela promoção da sustentabilidade social, atração de novos residentes e reforço na promoção turística. Para as cidades e regiões brasileiras interessadas em seguir o exemplo lá do Norte, atenção ao que disse a diretora da DRPIL, Ana Clara Silva, ao jornal português Expresso: “é necessário dar importância ao planeamento estratégico antecipado, que assegure a ilha como uma sociedade para todas as idades, que promove o bem-estar e valoriza as contribuições das pessoas mais velhas em todos os aspetos da vida comum. Temos de pensar na longevidade aos 50 e não aos 80.” E para as empresas, a consultora Ana João faz um alerta: “tudo o que uma pessoa consumir para ajudá-la a ter uma vida mais longa, para viver mais tempo, é economia da longevidade”, diz.

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