AGO 24, 2022
Bruno Dias - Fatos Desconhecidos. Confira matéria original aqui.
A maior parte dos seres vivos atinge a maturidade sexual e começa a envelhecer, até que um dia morre. Mas será que a morte é inevitável?
A maioria das pessoas morre de medo da morte e acha que até mencioná-la pode atraí-la. Contudo, a máxima de que a única certeza da vida é a morte está mais do que certa. Uma hora ou outra ela vem para todos. Ou será que não vem?
A hidra, que é um parente da água-viva, por exemplo, tem uma propriedade marcante. Esse ser vivo consegue se regenerar. Se a hidra for cortada em vários pedaços, cada um deles irá forma um novo indivíduo completo.
Por conta disso, os biólogos se interessam bastante pela hidra e buscam nela evidências da imortalidade na natureza. E observando-a, algumas perguntas são levantadas. Como, por que essa espécie parece não morrer de causas naturais? Seria a morte mesmo inevitável?
Reprodução e envelhecimento
BBC
Em meados do século XX, o envelhecimento foi descrito como uma compensação entre a reprodução e a manutenção celular. Primeiro, os corpos dos organismos usam seus recursos para crescer e continuarem saudáveis. Tanto que, na infância e adolescência, o foco é fazer o organismo sobreviver e ficar o mais forte e saudável possível.
Depois da maturidade sexual, o foco passa a ser a reprodução. Até porque a maioria dos organismos tem recursos limitados e priorizar a geração de filhotes pode ter, como consequência, a diminuição das condições de saúde.
Atualmente, a compreensão do motivo por que os seres vivos morrem é um pouco mais específica. Isso acontece porque quando os organismos atingem a maturidade sexual, a força da seleção natural enfraquece e começa o processo de envelhecimento. Isso, por fim, acaba levando à morte.
O mais curioso é que o objetivo desse processo não é abrir caminho para a próxima geração, o que seria “cativante, do ponto de vista do altruísmo”, segundo Alexei Maklakov, professor de Biologia Evolutiva e Biogerontologia da Universidade de East Anglia, no Reino Unido.
Ao longo da vida, os genes colecionam mutações. Algumas delas são aleatórias e outras são resultado da alimentação ou fatores externos, como a luz ultravioleta. A maior parte dessas mutações são inofensivas e poucas delas irão ser úteis.
“Antes da maturidade sexual, qualquer mutação genética que reduza a probabilidade de um organismo se reproduzir ou que chegue a matar o organismo antes da reprodução será vigorosamente rejeitada pela seleção natural”, afirmou Gabriella Kountourides, bióloga evolutiva do Departamento de Antropologia da Universidade de Oxford, no Reino Unido.
Contudo, depois que o organismo chega na maturidade sexual, ele consegue transmitir seus genes para geração seguinte. É nesse momento que a força da seleção natural é enfraquecida.
Isso acontece porque, do ponto de vista da seleção natural, o benefício de continuar os esforços que são necessários para se manter saudável depois da reprodução é pequeno. Justamente por isso que os genes que dão essa possibilidade não estão sujeitos às pressões da seleção para que se tornem mais comuns.
“O indivíduo gostaria de ficar vivo. Mas, neste ponto, a seleção natural não se dedica tanto, já que não há nada mais para oferecer à geração seguinte”, explicou Kountourides.
Mas é claro que nem todos os organismos são tão radicais e alguns sobrevivem um pouco mais, para ter mais filhotes.
Várias mutações
Mundo Educação
A maior parte dessas mutações do DNA irá ter consequências negativas ou nenhum efeito. Mesmo que os nossos corpos consigam reparar parte dessas lesões do DNA, essa capacidade de recuperação vai se deteriorando com o passar do tempo por conta da seleção natural.
Por conta disso, o envelhecimento e a morte acontecem de duas formas, devido ao acúmulo de mutações negativas por conta da fraca seleção natural, e pelas mutações que podem ter sido vantajosas para reprodução, mas que com o passar do tempo se tornaram negativas.
“O que quer que aconteça no início da vida supera o que acontecer após a idade reprodutiva, pois o potencial reprodutivo é o que realmente interessa”, segundo Kaitlin McHugh, bióloga da Universidade do Estado de Oregon, nos Estados Unidos.
Reprodução e morte
BBC
Se a reprodução influencia tanto no tempo de vida, por que os seres humanos vivem por tanto tempo depois que muitos param de ter filhos? Segundo a hipótese da avó, ela sugere que é importante que os parentes mais idosos fiquem vivos justamente pela reprodução ser uma atividade cara e perigosa.
Até porque, uma avó pode garantir a sobrevivência de alguns dos seus próprios genes investindo em seus netos. Então, uma vida mais longa pode dar vantagens de um ponto de vista da seleção natural.
“Famílias que têm as avós à sua volta têm aptidão reprodutiva muito mais alta, talvez porque a mãe pode concentrar-se em ter mais filhos enquanto as avós ajudam a criar os que já nasceram”, afirmou Kountourides.
Fonte: BBC
Imagens: BBC, Mundo educação
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