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A revolução da longevidade

MAR 26, 2022

António Ferraz - Correio do Minho. Confira matéria original aqui.


A economia da longevidade é um dos mais recentes ramos da ciência económica que surge, por um lado, como resultado da melhoria das condições de vida da população e, por outro, do fenómeno demográfico do envelhecimento populacional. Ou seja, a economia da longevidade associa-se ao aumento da esperança média de vida e ao envelhecimento da população, vive-se mais, há mais longevidade. Os impactos da longevidade são vários, em particular, na economia e na sociedade dos países. Assim, as empresas públicas e privadas podem ter um papel fulcral a desempenhar sendo instrumentos da conversão das sociedades em sociedades inclusivas e sustentadas. A longevidade traz vantagens para a humanidade sem precedentes e novos desafios para as pessoas, famílias, empresas, cidades e nas relações de poder entre estados.


A economia da longevidade é, desta forma, entendida em sentido lato como sendo o somatório de toda a atividade económica promovida pelas necessidades específicas das pessoas com 40 ou mais anos de idade incluindo produtos e serviços comprados diretamente por elas, bem como todos os ativos económicos gerados por este mesmo consumo. É também de realçar a contribuição desse segmento da população para o desenvolvimento económico e social enquanto trabalhadores empregados e ativos. Não obstante, o foco da longevidade tem vindo a estar cada vez mais centrado nas pessoas seniores com 65 ou mais anos de idade, idade a partir da qual se considera que uma pessoa atingiu a senioridade. Ora, o conceito de economia da longevidade é mais utilizado por ser mais afirmativo na promoção do desenvolvimento económico e social do que a centralização no fenómeno de envelhecimento em si.


Por sua vez, a economia da longevidade associa-se ao incremento das atividades económicas que terão muito a ganhar com o aumento da esperança média de vida, tais como, turismo, habitação, cuidados de saúde, assistência virtual e e-commerce. De igual forma, será considerável a dinamização das atividades associadas aos produtos financeiros (investimento e seguros) dada a necessidade de ver as pessoas não tanto na base da idade, mas sim com base na qualidade da sua longevidade. Segundo a especialista Ana Sepúlveda da Managing Partner da 40+ Lab “a economia da longevidade apresenta um grande potencial de crescimento e inovação» na sociedade. A revolução da longevidade, expressão do envelhecimento das sociedades é um fenómeno global, é consequência da longevidade e tem um impacto económico e social relevante nos países”. Mais, envelhecer com qualidade de vida passa também por uma adequada integração da longevidade na igualdade digital para todas as idades e sublinha-se a necessidade de os seniores terem acesso e participação significativa no mundo digital, ou seja, a sociedade digital também deve ser uma sociedade para todas as idades.


Em Portugal tem-se vindo a assistir nas últimas décadas a um progressivo envelhecimento populacional sendo o 4º país mais envelhecido do mundo, o 4º com maior velocidade de envelhecimento da população e, prevê-se que em 2030 poderá vir a ser o 2º mais envelhecido da Europa e o 3º do mundo. Porém, Portugal ainda não possui uma clara e sólida estratégia visando integrar a longevidade (e o envelhecimento) no desenvolvimento económico e social tendo mesmo uma visão atrasada desta realidade demográfica. Apesar disso, segundo o documento governamental intitulado Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica e Social de Portugal 2020-2030, urge “enfrentar o envelhecimento da população portuguesa, tendo em conta a transformação demográfica em curso que tem reduzido a população disponível para trabalhar, comprometido o potencial de renovação e inovação e criado pressão crítica sobre a gestão das contas públicas e sustentabilidade da segurança social: o problema da demografia é estrutural…”.


Concluindo, o aumento da longevidade (e do envelhecimento da população) implica a consideração de vários aspetos importantes no processo de adaptação à nova realidade:

(1) A educação para a longevidade, a longevidade é uma realidade e as pessoas necessitam saber lidar com isso;

(2) A longevidade como ativo financeiro;

(3) A busca de uma vida sem fim;

(4) Uma sociedade com mais gerações (a produtividade das organizações deve se fazer cada vez mais com a integração positiva de todas as gerações. Ora, na verdade, constata-se que os países que consideram o envelhecimento da sociedade como uma “doença” ou “inverno demográfico” são exatamente aqueles que tem vindo a ficar atrás em termos de desenvolvimento económico e social.

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