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A revolução da longevidade: você está preparado?

SET 21, 2022

Flávia Magalhães - Consumidor Moderno. Confira matéria original aqui.


Foto: Shutterstock


Não é preciso chegar na maturidade para começar a cuidar do corpo, da saúde e da mente. Com a expectativa mundial de vida cada vez mais alta, é necessário pensar desde cedo em hábitos que proporcionem melhor qualidade de vida. No painel do Conarec 2022, Michelle Queiroz Coelho, mestre em Administração, fundadora e Diretora Executiva da Rede Longevidade explica como a longevidade afeta a vida das próximas gerações e destaca desafios a serem encarados pelas empresas para garantir mais qualidade de vida aos seus colaboradores.


Número da população idosa cresce rapidamente em todo o mundo

De acordo com Michelle Queiroz Coelho, já existem mais avós do que netos no mundo – e a velocidade com que o número de pessoas acima de 60 anos tem crescido no Brasil e no mundo é impressionante: “A França demorou 145 anos para mudar o percentual de idosos de 10% para 20%. No Brasil, esse movimento vai ocorrer em apenas 25 anos”, aponta a especialista.


Projeções indicam que a população mundial está envelhecendo. O cenário de crescimento alargado de pessoas com mais de 60 anos muda a cara da demografia dos países, de acordo com Michelle Queiroz Coelho. “Ao pensar nas gerações passadas e nos seus filhos e netos, é possível perceber o quanto a revolução da longevidade é importante. Uma pessoa nascida em 1919 tinha uma expectativa de vida de 35 anos. Sua próxima geração, nascida por volta de 2015, encara uma expectativa de vida de 75 anos. São 40 anos a mais de expectativa de vida entre uma geração e outra, e isso significa que a saúde, a educação, o trabalho, as finanças, a cultura, a moradia e todos os aspectos da vida são influenciados por esse volume de anos a mais que vamos viver”, ressalta.



O que explica esse cenário?

A taxa de fecundidade mundial cada vez menor é um dos aspectos a serem observados no crescimento da população idosa. Na década de 1980, a média era de 4 filhos por família. Em 2000, esse número caiu para 2,4 filhos. Já a projeção para 2040 é de 1,5 filho por família. Ou seja, os casais desta e das próximas gerações não desejam mais ter filhos como antigamente.


O preparo para lidar com o envelhecimento é cada vez mais necessário

A Diretora Executiva da Rede Longevidade salienta que o tema deve ser discutido cada vez mais cedo, assim, a sociedade estará melhor preparada para lidar com o envelhecimento em vários aspectos. “O que você faz durante a sua jornada de vida vai impactar a vida após os 60. É o curso de vida que constrói nossa relação com o tempo e a forma como vamos viver nossa maturidade. A longevidade não é um assunto a ser discutido com quem tem mais de 60 anos, é para todas as idades”.


Outro ponto a ser considerado, segundo Michelle Queiroz Coelho, é a educação de jovens a respeito do envelhecimento com qualidade de vida: “Para lidar com a revolução da longevidade, é preciso revolucionar a educação sobre a revolução da longevidade. O propósito é inspirar pessoas e organizações para o caminho da educação em longevidade, incentivando mudanças comportamentais para melhoria da qualidade de vida. Não é só sobre os anos a mais que vamos viver, mas sobre a qualidade desse tempo”.


Empresas devem considerar colaboradores mais velhos como parte ativa do mercado

Com trabalhadores se aposentando cada vez mais tarde e com o aumento da expectativa de vida, é preciso começar a pensar na necessidade de seguir duas ou três carreiras e desenvolver soft skills, além de saber lidar com as finanças pessoais para poder se manter no futuro, pensar em um propósito de vida e autoconhecimento, e ter a perspectiva de que somos seres humanos inteiros e complexos. “Quanto mais anos vivemos, mais perspectivas se abrem. Se antes as pessoas morriam aos 60, hoje há muita gente ativa nessa idade”, pontua a especialista.


Por isso, as empresas devem fazer com que os colaboradores reflitam sobre esse assunto. Michelle Queiroz Coelho indica que mentorias diversas colocam os colaboradores de diferentes gerações frente a frente uns com os outros para ajudá-los tanto na preparação para o final da carreira quanto para a aposentadoria.


Economia prateada: um nicho esquecido

Hoje, a chamada “economia prateada” – fatia de mercado correspondente ao poder de consumo da população 50+ – já movimenta R$ 1,6 trilhão por ano. Mas esse valor poderia ser maior. A profissional ressalta que este público é desconsiderado pela maioria das empresas. No entanto, é necessário que o mercado ouça os desejos da população idosa seguindo as realidades de cada um, como aponta Michelle Queiroz Coelho: “idosos que vivem no centro-oeste do Brasil não vivem da mesma maneira que os idosos do sul, por exemplo. E idosos com maior formação acadêmica almejam coisas diferentes de quem não teve a mesma oportunidade de estudo. As condições sociodemográficas e econômicas também devem ser levadas em conta”.

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