ABR 14, 2022
Adri Coelho Silva - VOGUE. Confira matéria original aqui.
Bem vividas, somos também muito bem amadas desde que descobrimos que o amor mais potente é o que temos por nós mesmas
Mulheres bem vividas que experimentam novas relações depois dos 50 anos (Foto: GC Images)
Em sua coluna no jornal O Globo, Nelson Motta, 70+, homem que é referência cultural do Brasil, escreveu o seguinte: “O amor é a melhor forma e a melhor mestra é uma mulher mais vivida”. Ele também falou sobre a urgência dos homens atuais serem reeducados para amar as mais velhas – e citou lindos enredos do cinema, da música e da literatura em que mulheres nascidas antes de seus pares masculinos (e vice-versa) vivem paixões.
Eu vejo muitas histórias de amor no Viva A Coroa. Leio relatos de mulheres mais vividas, menos vividas e bem-amadas. Estimulo toda forma de amor, a começar pelo amor próprio, o mais importante e o que abre passagem para todo outro tipo de amor. Pelo que vejo, é por meio desse amor que mulheres bem vividas (amo essa expressão, tem tudo a ver com envelhecer bem) estão reinventando o amar, o transar e o se relacionar, ou seja, experimentando o amor a maneira delas, com liberdade e verdade, sem a necessidade da validação de ninguém, além da do ser amado – e, importante dizer, desde que seja de maneira fácil, fluida, respeitosa e, é claro, deliciosa.
Nessa boa onda do “eu me amo e sei bem o que quero”, vejo ótimas manifestações. Em um post em que listava bons e péssimos encontros, a ex-modelo Paulina Porizkova, 50+, escreveu aos pretendentes: "Caros, é preciso mais do que o seu desejo de sair comigo para que eu queira sair com você”. E vejo mais de uma coroa com a mesmíssima opinião – e muito amor próprio. Eu amo todas elas. E você?
Esse meu amor cresce ainda mais quando ouço em conversas masculinas da vida real que "a amante ideal é casada” (sim, só há absurdos entre essas aspas), porque não quer tempo de qualidade em família ou um plano futuro. Será que olham para as mais vividas procurando mulheres já independentes e realizadas com ou sem família formada? A saber.
O que sei é que os homens "mais vividos" têm se mostrado cada vez mais caretas, enquanto, as mulheres, mais livres. Há muitas coroas desassociando a condição conjugal da felicidade e até virando os olhos para quem ainda relaciona o bem viver ao estado civil. Para elas, o amor liberta e começa nelas por elas. Dentro disso, há as que (como eu) querem amar o mesmo homem ou mulher todos os dias, mesmo não amando diariamente a manutenção da dedicação e da paciência mútuas, e há as que se soltaram (ou querem se soltar) de casamentos zumbis (que estão mortos, mas cambaleiam por aí) ou vampirescos (em que alguém cede a jugular).
O reconhecimento da potência interna é capaz de revoluções e é dele que vem também a vontade que algumas coroas têm de se enamorar e namorar homens e mulheres de idades diversas. Aliás, cada vez mais leio e gosto de saber das mulheres bem vividas que descobriram o amor por outras mulheres, como Daniela Mercury e Maitê Proença, só para citar as conhecidas. E isso não quer dizer que eu não torça muito e vibre demais por aquelas que querem um amor hétero e sis.
Outro dia, uma seguidora me contou que vivia em esquema de poligamia, que o marido tinha outras duas esposas. Seu amor, suas regras. Meu amor, minhas regras. Respeito todas as formas de amor que respeitem os envolvidos e me divirto demais com as histórias das que jogam e brincam com a sedução e, assim, se amam cada vez mais.
Eu também apoio as que amam romanticamente como se fossem adolescentes e as coroas que, como Drew Barrymore e Whoopi Goldberg, declaram viver MUITO BEM sozinhas, sem homem reeducado ou mulher de qualquer idade amando-as diariamente na mesma casa. Aliás, já ouviu falar das pessoas que estão se casando com os amigos? Te conto mais abaixo em uma lista de formas de amor que valem a pena.
A mulher bem vivida é mesmo mestra no amor (e no amor próprio). Nesse ponto, Nelson Motta tem razão. De tanto que querem ser felizes, as mulheres 50+ criaram as próprias maneiras de se amar e de se deixarem ser amadas. E todas, repito, partem do amor próprio. Qual a sua?
Método Paulina: na pista, com critério, amor próprio e sem a menor vontade de ser eleita a "escolhida"
A ex-supermodelo e influencer está solteira, em experimentação e avisou via Instagram: “Caros, é preciso mais do que o seu desejo de sair comigo para que eu queira sair com você”. Paulina segue na pista e cada vez mais confiante e apaixonada por si. Recentemente, escreveu que “encontros ruins são todos parecidos, enquanto os encontros bons são bons de diferentes formas”. Paulina se diverte com os “que parecem contos de fadas” e volta para casa com ainda mais amor próprio depois dos ruins, aqueles com pessoas que, segundo ela, "acham que eu deveria me sentir honrada por sua atenção, uma vez que eles geralmente saem com mulheres mais novas, muito mais novas. Ou caras com senso de introspecção zero, que acreditam que nunca deram certo com ninguém por falta de sorte, ou que estão tão ocupados em se autoafirmar que simplesmente não fazem uma pergunta ou escutam”. Reconhece algum tipo?Pelo que ouço falar, há versões assim de diferentes idades.
Método Drew Barrymore e Whoopi: em um relacionamento sério (e delicioso) consigo
Drew Barrymore tem um programa de entrevistas nos Estados Unidos. Certa vez, convidou a atriz Whoopi Goldberg para o palco e perguntou: “O que você tem a dizer sobre relacionamentos amorosos?”. Eis que Whoopi respondeu: “Não são para mim”. A plateia foi ao delírio. Drew se disse na mesma sintonia e, no Viva A Coroa, mais de 300 mulheres deram like na fala de Whoopi. Estar em um relacionamento é uma escolha e não um dever. Para encerrar, divido o questionamento feito por Whoopi à Drew: “Por que eu preciso de alguém dividindo o banheiro comigo e me irritando?”. A resposta foi uma gargalhada gostosa e a frase “é exatamente sobre isso”.
Método Coroa: casada, feliz e na manutenção
Oi, autorreferência, aqui estou (risos). É que eu prefiro falar das dores e delícias do meu casamento do que sobre a dos outros. Detestaria ser assunto do texto de outra pessoa, por isso aqui falo de mulheres que, como eu, decidem manter um casamento saudável e amoroso. E destaco o verbo MANTER. Amo o meu marido, me sinto muito amada e aprendi a amar o que nos faz um casal feliz, além do amor, da família, de nossos erros e acertos. Estou falando da manutenção, da dedicação diária e mútua que a relação saudável exige. Sim, escrevi EXIGE. Sei que soa pouco romântico falar de exigência e de manutenção, mas assim é. E digo mais: no dia em que um está 20%, o outro tem que estar 80%, e esses dias normalmente são fases. Mas é o amor que faz tudo isso valer a pena, e falo do amor próprio, do amor pelo outro, do amor que vem do outro, do amor pelo que se vive, se viveu, pela família… Lembro que o amor é sempre plural, há vários amores dentro de um grande amor.
Método "Envelhescente": amando com intensidade e entrega total
J.Lo e Ben Afleck são coroas e revivem um amor que assistimos por meio de posts e “flagras" que parecem parte de uma comédia romântica. Mas eles não são os únicos. Tenho amigas e sei de mulheres que estão amando assim, como se fosse a primeira e a última vez. Delicioso e possível. Só não vale esquecer todos os outros amores em detrimento desse grande amor. Amor de verdade não se mede e nem se compara com o amor próprio e os demais.
Método Samantha: precisa descrever?
A personagem Samantha Jones, de Sex and the City, nasceu nas telas da TV e ganhou o mundo. Samantha queria ter prazer e pronto. Seu comportamento libertou muitas mulheres.
Método "parceiras de vida platônicas”: já pensou em viver um casamento ou namoro sem sexo com sua melhor amiga?
Ou melhor, será que você e sua amiga já não vivem assim, mas em casas separadas? A expressão "parceiras de vida platônicas”, ou a sigla PVP, é o novo “amor sem sexo” e descreve amigas que vivem como casais no sentido de dividirem a vida, os sonhos e, mais importante, a realização desses sonhos.
Gracie e Frankie, as personagens maravilhosas de Jane Fonda e Lily Tomlin são PVPs e coroas. Elas até tentaram casar com outras pessoas e manterem a condição de PVPs – algo que acontece na vida real, mas desde que TODOS os envolvidos estejam em pleno acordo. Eu não desgosto nada da ideia. E você?
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