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Arábia Saudita vai gastar 1 bilhão de dólares por ano em pesquisas para deter o envelhecimento

JUN 09, 2022

Mariza Tavares - Bem Estar. Confira matéria original aqui.


O primeiro grande estudo poderá ser sobre o potencial da droga metformina, utilizada no tratamento do diabetes, na proteção contra doenças cardiovasculares, neurodegenerativas e câncer


Mês passado fiz uma coluna sobre os imortalistas, cujo objetivo é expandir os limites da longevidade. Bilionários do Vale do Silício, como Jeff Bezos (Amazon) e Larry Ellison (Oracle), já despejaram milhões para financiar estudos, mas agora a corrida para deter o envelhecimento ganhou uma nova escala. A família real saudita criou uma entidade sem fins lucrativos, chamada Fundação Hevolution, cujo orçamento é de 1 bilhão de dólares anuais para pesquisas voltadas para aumentar a expectativa de vida saudável das pessoas.


Em reportagem da revista “MIT Technology Review”, o jornalista Antonio Regalado explica que o fundo será administrado pelo endocrinologista Mehmood Khan, que trabalhou na Mayo Clinic. Além da concessão de financiamentos para pesquisa, a organização pode também comprar participação acionária de empresas de biotecnologia. A proposta, endossada por vários cientistas que atuam nessa área, é de que é possível desacelerar o processo de envelhecimento do organismo, retardando o surgimento de doenças e garantindo uma velhice saudável por um período mais longo.

Família real saudita criou uma entidade sem fins lucrativos cujo orçamento é de um bilhão de dólares anuais em pesquisas para aumentar a expectativa de vida saudável das pessoas — Foto: Pixabay Embora a Hevolution ainda não tenha anunciado que projetos apoiará, há indícios de que o primeiro será uma pesquisa com a droga metformina, empregada no controle do diabetes, com milhares de participantes. O médico Nir Barzilai, diretor do Centro de Pesquisa sobre o Envelhecimento do Albert Einstein College of Medicine, em Nova York, se dedica a estudar centenários e como seus genes os protegem contra problemas cardiovasculares, diabetes e Alzheimer. Numa coluna que escrevi em 2021, sobre um evento científico que acompanhei on-line, reproduzi sua argumentação:

“O pior cenário é a longevidade com um longo período de moléstias. Temos que conseguir viver mais com menos anos de enfermidades. A metformina é barata e utilizada há décadas. Atua em todos os marcadores do envelhecimento, aumentando a proteção contra doenças cardiovasculares, neurodegenerativas e câncer”.

Barzilai, que já tentou pôr de pé um ambicioso estudo clínico batizado como TAME (“Targeting Aging with Metformin”, o equivalente a “Envelhecimento na mira com a metformina”), poderá ser um dos beneficiados. É um antigo defensor da droga, mas não está sozinho. Um amplo levantamento realizado na Grã-Bretanha mostrou que pacientes diabéticos estavam vivendo além do previsto – e mais do que indivíduos saudáveis.

Uma das motivações do governo saudita é a qualidade do envelhecimento da população do país, que incorporou os hábitos ocidentais, mas não é adepta de atividade física – as taxas de obesidade e diabetes acenderam o sinal vermelho. Outra poderia ser melhorar a reputação do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, que teria sido o responsável pelo assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, do jornal “The Washington Post”, em 2018. Como o g1 mostrou em reportagem publicada recentemente, o membro da família real batizou como Vision 2030 um plano para diversificar a economia do maior produtor de petróleo e quer, inclusive, atrair turistas. Talvez até viajantes em busca da juventude...

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