OUT 19, 2022
Gabriel Prado - Meio Ambiente. Confira matéria original aqui.
Para contextualizar melhor o tema, vale a pena fazer uma comparação: o envelhecimento no Brasil 200 anos atrás era limitado só até os 25 anos de idade. Felizmente essa realidade mudou.
O grande país que é o Brasil inicialmente foi ocupado por mais ou menos 4,7 milhões de pessoas (menos que o número atual de população no Rio de Janeiro).
A estimativa era conservadora: o primeiro censo que ocorreu no país foi em 1872, e não contabilizou a maioria dos povos indígenas, por exemplo.
Mesmo assim o Brasil estava muito longe de estar entre os 20 países mais populosos na época. Além disso, a grande maioria da sua população era analfabeta.
Felizmente essa realidade mudou, e com o avanço em algumas estruturas, hoje é possível ver dentro de uma empresa de monitoramento de câmeras e alarmes pessoas de 50 a 60 anos ainda exercendo uma profissão.
O Brasil de hoje é muito diferente do que era 200 anos atrás. Atualmente contamos com uma população 45 vezes maior do que nos primeiros anos como um país independente, ocupando a sétima posição entre os países com o maior número de população.
A expectativa é que esse crescimento continue até 2050, onde é estimado que o número de brasileiros atingirá um pico de 231 milhões, 16 milhões a mais do que o número atual. Após isso, a tendência é que a população brasileira tende a diminuir.
É natural que profissionais que realizam certas atividades tenham uma expectativa de vida um pouco menor devido aos processos dentro do trabalho, e isso pode influenciar na taxa de expectativa de vida no Brasil.
Vale pontuar que essa tendência é muito comum de acontecer, e ela se repete em todo o mundo. Entretanto, no Brasil ela vem acontecendo de um jeito particularmente rápido, se assemelhando aos países asiáticos e indo contra o ritmo dos países europeus.
Longevidade maior
O motivo por trás para o Brasil ter dado um salto tão grande na longevidade está relacionado ao combate à mortalidade infantil e materna, incluindo também as condições de saúde e saneamento, apesar das mazelas e da porcentagem da pobreza ter crescido.
De acordo com a colocação de grandes estudiosos sobre a Independência do Brasil e a expectativa de vida dos brasileiros, em 1900 a tendência era que os brasileiros vivessem até os 29 anos, e nos Estados Unidos era até 49.
Ou seja, nos Estados Unidos, por mais que uma pessoa trabalhasse em um fabricante de estação de tratamento de efluentes ou qualquer outra profissão, sua expectativa de vida ainda era maior do que a dos brasileiros.
Contudo, em 2019 os números se aproximaram bastante, no Brasil a expectativa passou a ser de até 75 anos. Nos Estados Unidos, a longevidade se prolongou até os 78 anos.
É interessante dizer também que esse número poderia ser ainda maior se não fosse a chegada da pandemia, que causou inúmeras mortes em todo o mundo.
Brasileiros na época da Independência
Outra característica da população brasileira é que a sua composição étnica, nesses 200 anos, sofreu algumas mudanças.
O Brasil é apontado como o país das Américas que mais recebeu africanos escravizados: trata-se de 4,8 milhões ao longo de quase três séculos. Com o decorrer do tempo, ocorreu um processo semelhante a uma análise por peneiras, isso porque o país abraçou pessoas de várias origens.
Dessa forma, um território que até 1500 era ocupado totalmente por indígenas passou a ser ocupado por outras pessoas.
Por volta de 1800, duas décadas antes de acontecer a Independência no Brasil, as primeiras estimativas indicavam que os indígenas eram apenas 8% do total da população brasileira, que na época era de 3,3 milhões de habitantes.
Essas contagens, no entanto, ignoravam muitas comunidades indígenas, e são consideradas muito conservadoras.
Ou seja, era um processo de contagem que não tinha os cuidados básicos que são praticados, por exemplo, no desenvolvimento de uma chapa expandida. Em outras palavras, trata-se de um levantamento que não era muito preciso.
Nessa mesma época, pessoas que tinham origem europeia, mais concentradas nos centros urbanos, representavam 31%, e a população de origem africana, livre ou escravizada, era 61% no total.
Consequentemente, a porcentagem de europeus aumentaria nas décadas seguintes para quase 40%, com a chegada da Corte Portuguesa ao Brasil, marcando o início de uma migração mais acentuada de europeus de outras nacionalidades nas décadas seguintes.
Apesar disso, o censo de 1872, o primeiro da história brasileira, indicou que quase 10 milhões de habitantes do Brasil, pessoas de origem africana, continuavam sendo majoritárias.
Foi justamente nessa época que o ritmo de crescimento da população brasileira começou a crescer até o século 20.
No Brasil, em determinados setores, há a prática de apreciação de riscos que, por sua vez, promove ainda mais a saúde dos envolvidos, analisando fatores que possam comprometer, de alguma maneira, a integridade dos colaboradores.
De acordo com os estudos levantados pelos escritores do assunto, as taxas de mortalidade na virada do século começaram a cair, mesmo que lentamente, contribuindo assim para o maior incremento demográfico.
Dessa maneira, a população brasileira foi tendo aumentos progressivos de tamanho: de acordo com o censo divulgado em 1890, pouco depois da Proclamação da República, foram contabilizados 14,3 milhões de habitantes. No entanto, o grande salto viria em meados do século 20.
Relação entre envelhecimento e economia
Em decorrência da transição demográfica, o Brasil está passando por um intenso e rápido processo de envelhecimento, como foi possível observar no decorrer deste artigo.
Para contextualizar melhor esse panorama de envelhecimento, vamos fazer uma comparação mais atual: o número de brasileiros idosos em 1950 era de 2,6 milhões, e em 2020 passou a ser 29,9 milhões. Até 2100 pode alcançar o número de 72,4 milhões.
O fato é que a pirâmide etária brasileira passa por uma enorme transformação. Na maior parte do século passado, ela tinha uma base larga e um topo bem estreito.
No final do século 20, e no início do século 21, a base da pirâmide passou a ficar mais estreita, e houve um alargamento no meio dela.
Isso significa que atualmente existe uma grande proporção de pessoas em idade ativa, e assim o Brasil vive o período conhecido como “bônus demográfico”.
O bônus demográfico, por sua vez, é o momento em que a demografia dá um gás para a economia, promovendo um setor mais favorável para empresas de calibração de equipamentos de medição e outros negócios, por exemplo.
O encorpamento do topo da pirâmide e o fim definitivo do bônus demográfico vai ocorrer principalmente na segunda metade deste século.
O fato é que, baseando-se nas projeções divulgadas pelo IBGE no dia 25 de julho de 2018, os economistas do IBRE consideram que o bônus demográfico brasileiro terminou em 2018, isso porque a população potencialmente ativa (PIA) continua crescendo no país.
No mais, de acordo com alguns dados que já foram levantados sobre o tema, o Brasil (bem ou mal) estava aproveitando o bônus demográfico até o ano de 2014, quando a economia gerava postos de trabalho em proporção superior ao crescimento da população total.
Todavia, o quadro muda completamente com a recessão econômica e a crise no mercado de trabalho, forçando empresas a cortar qualquer tipo de gasto, optando, inclusive, em fazer um diagnóstico eficiência energética para melhorar o consumo de energia.
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, mostram que o volume formal de emprego em dezembro de 2019 foi de apenas 19 milhões de postos.
Esse número, por sua vez, ficou muito abaixo do que foi registrado em 2014, onde se teve 40,8 milhões de postos disponíveis, incluindo trabalhos em uma fábrica de solda orbital.
Portanto, podemos concluir que o Brasil já estava desperdiçando o seu bônus demográfico desde 2014, onde também houve a crise econômica que conseguiu reduzir o porcentual da população ocupada.
Sem embargo, esse desperdício da janela de oportunidade demográfica não tem relação direta com o envelhecimento populacional, pois a PIA continuava crescendo acima do crescimento da população entre 2014 e 2018.
Na verdade, o desperdício do bônus tem mais a ver com os fundamentos da economia brasileira, que inclui:
Crise fiscal;
Baixa taxa de investimento;
Baixa competitividade internacional;
Oportunidades de mercado não vantajosas para o exterior.
Ou seja, é certo dizer que o cenário caótico da economia brasileira estava mais relacionado com as medidas políticas tomadas.
Conclusão
No geral, a experiência internacional mostra que nenhum país consegue enriquecer depois de envelhecer. Países de renda média que não aproveitam o bônus demográfico costumam ficar presos em uma situação de economia mais delicada.
No caso do Brasil, se não fosse a pandemia, o país teria chances muito altas de dar um bom salto no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), mas a pandemia não ajudou. Entretanto, ainda há esperanças de uma recuperação no setor.
Esse texto foi originalmente desenvolvido pela equipe do blog Guia de Investimento, onde você pode encontrar centenas de conteúdos informativos sobre diversos segmentos.
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