JUN 27, 2022
Instituto de Longevidade MAG. Confira matéria original aqui.
O alto custo de viver sozinho, muitas vezes combinado à solidão, tem estimulado a população madura a optar por viver em uma casa compartilhada. “A tendência é que as pessoas comecem a se agrupar e compartilhar habitação”, diz a gerontóloga Marília Berzins, presidente do Observatório da Longevidade Humana e do Envelhecimento (OLHE).
Desde que exista autonomia, a casa compartilhada pode ser uma alternativa extremamente benéfica, avalia a especialista. Tanto é que há um movimento mundial crescente para adotar o formato como política pública.
Na Espanha, por exemplo, o conceito de “cohousing” já existe. Ele até ganhou campanha da Ceoma (Confederação Espanhola de Organizações de Idosos) e da Living Cohousing, empresa social especializada em construir comunidades criadas e dirigidas pelos moradores.
Neste tipo de habitação, cada um vive com privacidade em sua casa. Mas é possível compartilhar ambientes coletivos, como cozinhas e lavanderias, entre outros. De acordo com a gerontóloga:
“É uma nova estratégia de moradia que permite criar um ambiente comunitário que se adapte às necessidades atuais e futuras dos moradores.”
A casa compartilhada estimula atividades sociais, como passeios e viagens. Mas, além disso, promove a redução de custos. Afinal, contas de água, luz, aluguel, alimentação e telefone, entre outras, são compartilhadas. Também há o incentivo à socialização no dia a dia, o que é fundamental para evitar doenças como a depressão.
No quesito saúde, os moradores tendem a dar suporte uns aos outros. Especialmente quando a pessoa não pode ir sozinha ao médico e não tem como contar com alguém da família.
A casa compartilhada no cenário brasileiro
No Brasil, existem algumas experiências nesse sentido. Condomínios residenciais ou repúblicas voltadas para a moradia digna do público maduro já é uma realidade em alguns estados. Como por exemplo, a República dos Idosos, uma iniciativa da Secretaria de Assistência Social da Prefeitura de Santos.
A prefeitura especifica que é necessário ter entre 60 e 80 anos, ser de Santos, viver sozinho e não ter vínculos familiares. Além disso, é preciso ganhar até três salários mínimos, ser independente e capaz de realizar atividades do cotidiano, já que na casa as tarefas são divididas entre os moradores. Ainda, estar em boas condições de saúde física e psíquica.
Com quatro repúblicas funcionando no munício, os moradores pagam um aluguel simbólico entre R$ 35,00 e R$ 40,00. Os próprios idosos gerenciam e dividem as despesas e atividades da casa em que moram.
Ainda em São Paulo, o programa Vida Longa atende idosos desde 2009. O programa no formato república é gratuito e voltado para quem vive sozinho ou com vínculos familiares fragilizados, em situação de vulnerabilidade e risco social, com renda mensal de até dois salários mínimos.
Outro projeto conhecido é o Palacete dos Artistas, na capital. Uma vila voltada a idosos com renda de até três salários mínimos que trabalharam ou trabalham com arte. A iniciativa é mantida desde 2014 com aluguel simbólico.
Na Paraíba, o Condomínio Cidade Madura é voltado para os 60+ que recebem até cinco salários mínimos. Os moradores pagam apenas a taxa de luz e água e podem morar o tempo que quiser Já no Paraná, o Viver Mais atende idosos com renda de um a seis salários mínimos. Os beneficiados podem residir nas casas por tempo indeterminado, ao custo mensal de apenas 15% de um salário mínimo.
Duas moradoras do Viver Mais Paraná. Crédito: Jonathan Campos/AEN
Cohousing sênior
As iniciativas citadas acima fazem parte de políticas públicas voltadas para o público com mais de 60 anos. Contudo, espaços particulares com esse mesmo objetivo estão se tornando cada vez mais comuns. São os chamados cohousing sênior.
A iniciativa não é necessariamente uma casa comportilhada, mas condomínios com casas individuais e áreas de uso comum. Com foco na tendência, o cohousing sênior prioriza o cuidado a saúde e a convivência, além da integração entre espaços e pessoas.
Os valores dependem da estrutura do local, do bairro ou cidade. Pode-se dizer que é equivalente à mensalidade de um condomínio ou asilo. Tudo vai depender do que for oferecido pelo espaço.
Planejamento financeiro
Seja para morar em um condomínio de iniciativa pública ou particular, é necessário ter planejamento financeiro. Mesmo que nem todos os espaço cobrem um valor fixo para moradia, o custo de vida pode ser individual ou coletivo. O que exige o pagamento para a manutenção de vida de cada morador e do local.
Por isso, tem um planejamento e uma organização financeira ao longo da vida é fundamental para garantir estabilidade. Para aqueles que ainda não chegaram nos 60 anos, é pensar no futuro. Para os que já chegaram, é planejar o presente.
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Entre a realidade e a ficção
Ainda que a ideia não seja nova, a casa compartilhada tem ganhado adesão ao longo dos anos, inclusive no cinema. O longa “E Se Vivêssemos Todos Juntos?”, lançado no Brasil em 2012, relata a história de um grupo que, cansado das regras do asilo, decide morar junto. Unidos por uma relação de amizade de mais de 40 anos, Annie (Geraldine Chaplin), Jean (Guy Bedos), Claude (Claude Rich), Albert (Pierre Richard) e Jeanne (Jane Fonda) discutem sobre temas como doença, proximidade da morte e vida sexual e afetiva.
Trailer do filme:
Se a opção for criar um espaço independente, como no filme, é recomendável planejamento e análise profundos pelo grupo, recomendam especialistas. Depois das regras estabelecidas, é fundamental eleger um líder, alguém que coloque o combinado em prática e ordem na casa. Se não houver liderança, o projeto pode estar fadado ao fracasso.
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