Combate à violência na terceira idade é tema de Seminário do Fórum Democrático
- koala hub
- 26 de jul. de 2022
- 3 min de leitura
JUN 10, 2022
Francis Maia - Assembleia Legislativa. Confira matéria original aqui.

Foto: Celso Bender
O Fórum Democrático de Desenvolvimento Regional promoveu na manhã desta sexta-feira (10), em formato virtual, Seminário para debater o combate à violência na terceira idade, reunindo autoridades que atuam na rede de proteção à essa população vulnerável. Conforme pesquisa realizada em 2019 e 2020, nos dados de ocorrências da Delegacia de Proteção à Pessoa Idosa em Porto Alegre, no período da pandemia, confirmou que 62,4% dos idosos sofreram algum tipo de violência, em especial psicológica, muitas vezes combinada com agressão física (18,7%). É alto também o índice de violência financeira (30,4%) contra as pessoas idosas na Capital, mas um dado positivo é que 84,8% dessas vítimas foram os próprios denunciantes das violências.
Na abertura do Seminário, pelo Fórum Democrático de Desenvolvimento Regional, o ativista Lélio Falcão destacou a importância do evento e a necessidade de políticas públicas voltadas para a pessoa idosa. Ele coordenou as atividades do Seminário, que ouviu autoridades presenciais na Assembleia Legislativa e em Brasília, de forma virtual.
A doutora Samantha Sittart, do núcleo de Gerontologia da Pontifícia Universidade Católica do RS, mostrou sua pesquisa de Mestrado sofre violência contra a pessoa idosa, realizada em Porto Alegre entre janeiro de 2019 e dezembro de 2020, como estudo comparativo em tempos de covid, com dados da Delegacia de Proteção à Pessoa Idosa, que constatou a realidade da violência contra essa população e identificou as formas de violência, assim como as características sócio demográfica e as características do agressor. Foram pesquisados 1.238 boletins de ocorrência dessa delegacia, com oscilações entre os meses tendo em vista o período de isolamento social, quando as denúncias reduziram e aumentaram em dezembro de 2020, com o abrandamento da pandemia.
Samantha Sittart destacou o fato de que 84,8% das denúncias foram feitas pelos próprios idosos na delegacia, e também por profissionais de saúde e cuidadores, situação que em 2019 era comum com registros feitos por vizinhos. Em 2020 a violência psicológica liderou, 62,4%, seguida da violência financeira, 30,4; física, 18,7%, negligência, 4,7%, abandono 4,7%, e sexual, 0,3%. Em 2019, a violência financeira predominou. Mas a especialista identificou a violência cruzada, que é a psicológica com a física, assim como a financeira, também. Ela encontrou aumento também de negligência e abandono. Outra evidência foi de que a pessoa idosa continua com receio de denunciar, em especial pelo fato de envolver familiares, o que confirma a pesquisa de que 61,6% dos agressores são do vínculo familiar da vítima, 38% os filhos, em geral indivíduos na faixa dos 48 anos, homens, brancos e com nove a 11 anos de estudo.
A presidente do Conselho Estadual da Pessoa Idosa, Iride Cristofoli Caberdon, destacou a relevância do estudo tendo em vista o direito à proteção de todas as pessoas idosas, em especial o fato de que os próprios idosos estão buscando os recursos da rede de proteção, o que “é uma evolução em relação a outras pesquisas”. Ela reafirmou a necessidade de observar a prática das pessoas idosas no seu cotidiano e os locais que frequentam para identificar situações de violência, assim como estimular a sociedade para o tema.
O vice-presidente do Conselho Nacional da Pessoa Idosa, Mauro Freitas, de Brasília, relatou ações para aumentar as penas de violências praticadas contra as pessoas idosas, e também iniciativa que busca incluir a pessoa idosa masculina no mesmo regramento que a Lei Maria da Penha, para assegurar a medida protetiva.
Já o chefe da Delegacia de Proteção ao Idoso de Porto Alegre, Rodrigo Bozzetto, destacou a atuação diferenciada do setor, com equipe especializada para trabalhar com esse público e atuando desde 1994. Outra delegacia com esse perfil funciona em Santa Maria. Referiu demanda constante e disse que até mesmo as denúncias através do Disque 100 são investigadas, mas confirmou que muitos idosos se deslocam até a especializada para registrar ocorrências. O local assegura acessibilidade para essas pessoas.
De Brasília, o Especialista em Saúde Familiar e Comunitárias da OPAS e OMS, Bernardino Vitoy, observou que o envelhecimento da população mundial, em especial na região das Américas, onde o Brasil lidera, é um desafio que exige políticas públicas e serviços para o acolhimento dessa população. Discorreu sobre a convivência intergeracional, fato inédito na história da humanidade com várias gerações das mesmas famílias convivendo no mesmo ambiente, assim como o aumento do preconceito contra a pessoa idosa. Destacou pesquisa da Organização Mundial da Saúde que aponta que um em cada seis idosos é vítima de violência, mas apenas 4% das ações de violência são reportadas às autoridades. O avanço do envelhecimento, em especial no RS, diante desse índice de violência, é indicador que vai pressionar as políticas públicas, alertou.
Também a Defensoria Pública e a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social participaram, anunciando a realização de ação intersetorial na próxima quarta-feira, dia 15, no Largo Glênio Peres, voltada para as pessoas idosas. A Defensoria Pública vai promover mutirão e ações voltadas para esse grupo.
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