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Deficiência hormonal em idosos

ABR 14, 2022

Luciana Vinha - Vida & Arte. Confira matéria original aqui.


Especialistas alertam que nem todos necessitam realizar a terapia de reposição, indicada apenas quando o declínio repercutir na saúde do paciente


A diminuição dos níveis de hormônios faz parte do processo natural do envelhecimento e os sinais e sintomas decorrentes desse declínio podem ser considerados normais. No entanto, baixos níveis estão associados a doenças crônicas e, nesses casos, a terapia de reposição hormonal pode ser indicada e trazer benefícios. Segundo a médica geriatra Marcela Maria Mattos Almeida, a reposição hormonal na terceira idade só deve ser realizada quando houver indicação após comprovada necessidade, pesando sempre os riscos e benefícios.


“É importante ressaltar que a reposição hormonal e de outros elementos essenciais para o organismo é individualizada e só deve ser prescrita após correta avaliação médica do quadro clínico do paciente e do diagnóstico comprovando o déficit por meio de exames, considerando especialmente o risco de acidente vascular cerebral, eventos cardiovasculares e demência, quando iniciada depois dos 60 anos”, alerta Marcela.


O médico endocrinologista Antonio Carlos Pires, professor e chefe do Departamento de Endocrinologia do Hospital de Base/Famerp de Rio Preto, reforça que nem todo idoso precisa fazer a terapia de reposição hormonal. “Ela só deve ser indicada e prescrita apenas para quem realmente precisa. Existem diferentes tipos de hormônios e o médico só deve indicar a reposição de acordo com o tipo de patologia que por ventura o paciente possa ter. E, se, apesar da queda dos níveis hormonais, o idoso for saudável e esse declínio não representar uma ameaça à sua saúde, ele não precisa tomar nada, nenhuma medicação”, alerta.


Mulheres

O médico endocrinologista Antonio Carlos Pires explica que normalmente, para ter benefícios com a reposição hormonal, logo após o período pós-menopausa, quando mulher ainda não é idosa, ela deve começar a repor o mais precoce possível, para prevenir a osteoporose, melhorar a vida sexual e a qualidade de vida de modo geral. “Agora, se for uma mulher de 65 anos, por exemplo, ela não tem que usar hormônio. Ela tem que repor o hormônio da tireoide, se tiver hipotireoidismo; ela vai repor o hormônio suprarrenal se ela realmente tiver um problema suprarrenal. Tem que ter a patologia e o déficit de produção para poder repor, não são todas que precisam e o tratamento é sempre individualizado”, destaca.

A prescrição de terapia hormonal da menopausa para mulheres acima dos 60 anos é um tema polêmico, segundo a geriatra Marcela Maria Mattos Almeida. “Mulheres que apresentam sintomas como ondas de calor e diminuição da massa óssea se beneficiam da reposição hormonal, mas somente nos primeiros 7 a 10 anos da última menstruação; a partir desse período, é preciso considerar a reposição de forma individualizada, pois o risco de doenças cardiovasculares e acidente vascular cerebral aumenta. Além disso, a partir do terceiro ano de uso, a terapia combinada de estrógenos e progesterona possivelmente eleva o risco de câncer de mama. A reavaliação periódica dos sintomas e das comorbidades é muito importante e deve ser sempre realizada”, ressalta.


Homens

A médica geriatra Marcela Maria Mattos Almeida esclarece que o envelhecimento masculino normal é acompanhado de um declínio da função testicular, inclusive com reduções dos níveis séricos de testosterona total e livre (biodisponível), porém, apenas alguns homens desenvolvem hipogonadismo, condição que afeta a produção de hormônios. “O diagnóstico de hipogonadismo masculino tardio é recomendado apenas para homens que apresentam alguns dos principais sintomas e sinais que evidenciam o problema, como diminuição do tecido e força muscular, diminuição do volume testicular, disfunção erétil, diminuição da libido, diminuição da densidade mineral óssea, aumento do tecido adiposo total e redistribuição de gordura e depressão”, explica Marcela.

O médico urologista Eliseu Denadai diz que, ao contrário da mulher, o homem não tem uma queda tão acentuada da taxa hormonal com o passar da idade. “Alguns homens podem desenvolver hipogonadismo e vão precisar de reposição hormonal, mas não é todo idoso. Na verdade, é o contrario, são poucos idosos que precisam. O tratamento só é indicado nos casos em que o idoso tem uma queda acentuada, com o nível inferior ou até mesmo abaixo da normalidade, e ele passa a ter sintomas”, explica.


Tratamento, riscos e benefícios

O médico endocrinologista Antonio Carlos Pires diz que o tratamento depende do tipo de hormônio que o paciente necessita. “Uma idosa com diabetes vai fazer o tratamento com o hormônio para diabetes, que pode ser medicamentos ou insulina. Depende do grau. Em muitos casos é possível tratar com medicamentos sem a necessidade de usar a insulina. Cada caso deve ser individualizado”, destaca.


O urologista Eliseu Denadai aponta alguns fatores limitam a indicação do uso de hormônios, quando, por exemplo, o individuo tem um gene para câncer de próstata. “Se o paciente tem um irmão, um pai ou avô com câncer, ele deve ser orientado a não fazer a reposição. Já nos casos em que ela é indicada, deve ser iniciada a partir do momento que o paciente apresenta os sintomas e quedas hormonais que afetam à sua saúde, normalmente acima dos 60 anos, embora existam casos isolados na faixa de 40, 50 anos”, diz. Para ele, a opção ideal de tratamento é por injeção intramuscular. “Existem os adesivos e spray, mas o mais indicado é o intramuscular, com injeções aplicadas mensalmente ou a cada três meses”, afirma.


A geriatra Marcela explica que a reposição de hormônios andrógenos, como a testosterona, pode ocasionar um aumento significativo de massa muscular, porém, à custa do aumento de hematócrito, elevando o risco de doenças cerebrovasculares e cardiovasculares, além de estimulação do antígeno prostático específico, aumentando o risco de câncer de próstata. “Com base em estudos e avaliando sempre o risco benefício, não se suplementa com hormônio do crescimento ou testosterona homens idosos que apresentam níveis normais ou subnormais desses hormônios”, alerta.

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