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Depressão na terceira idade

MAI 08, 2022

Amanda Serrano - Estado de Minas. Confira matéria original aqui.


A vulnerabilidade em pessoas idosas aumentou muito na pandemia.

(foto: Pixabay) À medida que a idade avança, muitos idosos passam também a desenvolver doenças. Somam-se a isso as limitações comuns ao envelhecimento e a diminuição das metas e propósitos de vida. Tudo isso acaba gerando uma maior vulnerabilidade e quadros de depressão na terceira idade.


Essa vulnerabilidade em pessoas idosas é uma pauta que vem sendo muito discutida ao longo dos anos, principalmente com o advento da pandemia.Relatório publicado pela Organização das Nações Unidas evidenciou que a sobrecarga no sistema de saúde, o isolamento social e riscos maiores da doença para pessoas mais velhas fizeram aumentar casos de depressão, suicídio, entre outros transtornos, em maiores de 60 anos.


A última Pesquisa Nacional de Saúde, realizada em 2019 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que a depressão atinge cerca de 13% da população entre 60 e 64 anos. Além disso, estima-se que entre 10% e 15% dos idosos tenham a doença em sua forma grave. Alguns sintomas de depressão na terceira idade são: alteração no sono; alterações no apetite; dificuldades de raciocínio; perda de memória; falta de concentração; tristeza; desânimo; sentimentos de culpa; pensamentos negativos.


“É importante que as famílias fiquem atentas a esses sinais e não achem que isso faz parte do processo de envelhecimento. Falar mais dos sintomas da depressão é muito importante. A doença não é só o choro, desânimo, não querer levantar da cama, não ter vontade de nada. Ela vai além. Tem muita gente que faz de tudo, que consegue cumprir as tarefas do dia a dia, mas que não tem mais vontade de viver. E isso pode ser depressão”, explica Simone de Paula Lima, médica geriatra da Saúde no Lar.

Muita gente, no entanto, acaba confundindo esses sinais com frescura. Existe um preconceito muito grande com relação à saúde mental, principalmente por parte dos idosos. De acordo com Simone Lima, as pessoas acham que devem procurar um profissional, como um psiquiatra ou um psicólogo, apenas quando está louco, e há urgência em mudar esse pensamento.


Realizada pela Pfizer, a pesquisa “Depressão, suicídio e tabu no Brasil: Um novo olhar sobre a saúde mental”, comprovou que os mais velhos realmente têm maior dificuldade de identificar a depressão como uma doença. Uma parcela de 30% dos entrevistados com 55 anos ou mais acreditam que a condição pode ser consequência da “falta de fé”.

É importante que as famílias fiquem atentas a esses sinais e não achem que isso faz parte do processo de envelhecimento. Falar mais dos sintomas da depressão é muito importante.

Simone de Paula Pessoa Lima,

médica geriatra da Saúde no Lar

(foto: Inspira Comunicação/Divulgação)

Os resultados também mostraram que brasileiros com mais de 54 anos são os que menos conseguem associar a depressão a um risco aumentado de suicídio, mesmo a Organização Mundial da Saúde (OMS) evidenciando que 90% dos casos de suicídio estão ligados a distúrbios mentais e transtornos de humor, entre os quais a depressão se destaca.


NOVOS SENTIDOS DE VIDA


A falta de sentido da vida nessa fase e a monotonia também são um agravante, por isso é fundamental ofertar ao idoso uma postura digna, ajudando a assumir seu papel social, considerando sua trajetória. Nesse caminho, os amigos e familiares podem desenvolver junto ao idoso a busca por novos sentidos de vida, além de processos de ressignificação dentro da perspectiva da prevenção à depressão.

Entre as principais formas de prevenção estão a adoção de hábitos saudáveis, uma alimentação rica em nutrientes, hidratação, exposição ao sol para produzir vitamina D pelo menos 15 minutos diários, praticar uma atividade física, ainda que em casa, buscar hobbies e estímulos e a presença e apoio de família e amigos.


“É importante auxiliar o idoso na busca de novos significados de vida, dar a ele um ambiente saudável, além de diminuir as queixas e falas que o façam se sentir inferiorizado e inútil”, ressalta Diego Resende, psicólogo da Saúde no Lar.

A família é o suporte primário, base das relações sociais. Quando a família consegue fazer esse ambiente acolhedor, a ideia é que o idoso vai ter mais qualidade de vida mental e física. É necessário entender que o processo da velhice, a adaptação e a ressignificação devem acontecer a todo momento.

“A questão não é envelhecer junto com a pessoa. É estar preparado para receber esse indivíduo na fase da velhice. Isso tem a ver com adaptar a casa para as dificuldades fisiológicas que ela vá apresentar, tanto física quanto mental, sempre mostrando que ela não é um peso para a família”, completa Resende.


O tratamento da depressão é realizado com a intervenção de medicamentos, na maioria dos casos, devido à falta dos neurotransmissores. O medicamento tem uma atuação direta no sistema biológico e, com a psicoterapia e terapias multiprofissionais, pode trazer inúmeros benefícios. É preciso ter paciência, conversar com o médico, e usar a medicação de forma adequada para conseguir um resultado positivo. E se não tiver, procurar ajuda médica para aumentar ou trocar a dose.

“Os antidepressivos não causam dependência. Existem alguns desses medicamentos que devem ser diminuídos gradualmente para evitar alguns sintomas, mas não causam dependência, como os benzodiazepínicos, que têm inúmeros efeitos cola- terais. Muitos antidepressivos, inclusive, demoram a fazer efeito e acabam iniciando com alguns efeitos colaterais para depois ter o efeito antidepressivo”, finaliza a geriatra.

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