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Dia Mundial da Terceira Idade: o que mudou na forma como lidamos com a Idade e o Envelhecimento?

OUT 25, 2021

Teresa Castanho - Diário de Notícias. Confira matéria original aqui.


Este é o dia que tem como objetivo promover, informar e consciencializar para situações específicas e fatores que afetam os mais idosos, bem como sensibilizar para a necessidade de cuidarmos deles.


Em 2050, estima-se que 1 em cada 2 portugueses tenham 55 ou mais anos. Segundo dados da Eurostat Portugal, o nosso país será um dos países da União Europeia com maior percentagem de idosos e menor percentagem de população ativa, constituindo um verdadeiro desafio demográfico e económico.


Começamos a envelhecer a partir do momento em que nascemos e para se envelhecer bem é preciso melhor saúde, autonomia e independência. Mas para isso, devemos eliminar os preconceitos para com a idade. O preconceito da idade (ou idadismo) consiste numa atitude preconceituosa e discriminatória generalizada em relação aos indivíduos, tendo exclusivamente por base a característica da idade. E esta é a terceira causa de discriminação mais comum no mundo e, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (The global report on Ageism, 2021), na Europa uma em cada três pessoas discrimina os mais velhos através da adoção de atitudes prejudiciais para a sua saúde física e mental. Para as pessoas mais velhas, o idadismo traz, naturalmente, consequências graves e de longo prazo, estando inclusive associado a uma expectativa de vida mais curta, pior saúde física e mental, uma recuperação mais lenta na doença, declínio cognitivo e isolamento social.


Este fenómeno social multifacetado assume várias formas. Visualizamos isso através dos meios de comunicação, quando apresentam os idosos como frágeis, incapazes e dependentes, e em alguns comportamentos discriminatórios como a limitação dos serviços de saúde prestados, o acesso ao mercado de trabalho, as atitudes paternalistas, entre outros.


A presença insidiosa do deste tipo de preconceito ficou ainda mais exposta com a situação que vivemos atualmente, a pandemia de COVID-19, agravando as perceções negativas e estereótipos sobre a idade. Tal foi visível no acesso aos cuidados intensivos, no discurso público e nas redes sociais, e nas medidas de confinamento destinadas especificamente a este grupo. Os idosos foram geralmente retratados como um grupo homogéneo e vulnerável, com necessidade de sobre proteção, ignorando-se a grande diversidade que caracteriza a idade avançada.


É necessário deixar de se associar o envelhecimento apenas a doença e incapacidade, e considerar como uma conquista, um momento privilegiado da vida, com realização pessoal e satisfação. Não pensemos nos idosos como sendo apenas pessoas velhas ou com saúde debilitada. Os idosos constituem uma parte vital e crescente da nossa população e são cidadãos ativos, não indivíduos passivos.


A exclusão das pessoas mais velhas tem um impacto grave na nossa sociedade, com a perda de um enorme reservatório de experiência e criatividade. Neste dia, como nos restantes dias do ano, temos a responsabilidade de contribuir para uma visão mais digna e positiva da terceira idade.


Investigadora no Centro de Medicina Digital P5 da Escola de Medicina da UMinho

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