JAN 18, 2022
O Tempo. Confira matéria original aqui.
O mundo tem 1 bilhão de pessoas com mais de 60 anos. São 12,5% do total. Em 2050 esse número passará para mais de 2 bilhões. No Brasil, a porcentagem é maior que a média mundial: 14,7% da população, ou seja, perto de 30 milhões. Em menos de 1 século, serão 43% da população (dados do IPEA).
Em 2020 o BID analisou o comportamento de compra da população da América Latina e Caribe e espera-se que, nos próximos 17 anos, o crescimento do consumo da população idosa seja responsável por 30% do total. Esse grupo consome bens e serviços diferentes do restante da população, trata-se de uma oportunidade importante de investimento privado e público.
Muita gente que faz 60 anos, ainda quer continuar a trabalhar, ainda têm muita energia e, acima de tudo, têm algo pelo que os jovens nunca vão conseguir competir: experiência. Sem contar aqueles que não tem escolha: no Brasil, mais de 43% dos lares são mantidos por 60+ (dados da Hype60+).
Acompanhar as tecnologias e suas atualizações quase histéricas de tão rápidas e urgentes é tarefa para os jovens. Onde trabalho, nosso time é bastante diversificado, temos jovens de 20 anos e senhores de 70 anos interagindo constantemente. Não posso esperar que o jovem me traga visões sistêmicas ou soluções para problemas complexos, enquanto também não faço a menor questão que o senhor de 70 anos ou mesmo os de 50 saibam usar as novas redes sociais para trazer benefícios para os projetos.
No entanto, não é difícil ver no mercado tradicional pessoas com mais de 50 anos serem demitidas, ou terem dificuldade de se realocar. Mas o mercado alternativo está atento aos dados e tem muita gente ressignificando o papel da maturidade nos negócios. Em 2021 o BID mapeou 245 atores entre organizações sociais e privadas atuantes na economia prateada.
Morris Litvak, empreendedor brasileiro (apesar do nome) lançou em 2014 a MaturiJobs, a princípio um app de conexão entre jovens e idosos que se transformou em plataforma de recolocação no mercado para 50+. Morris conta que sua inspiração foi acompanhar de perto sua avó que permaneceu trabalhando até mais de 80 anos e quando foi impossibilitada de fazê-lo, perdeu sua vitalidade e morreu em menos de 2 anos. O CNA também lançou uma plataforma chamada Speaking exchange que conecta alunos de inglês com aposentados norte-americanos para treinarem fluência dos jovens e ilustrar a vida dos idosos.
Somado aos dados demográficos, o número de filhos por família também vem diminuindo, assim como a idade da primeira maternidade. Com isso a estrutura familiar precisa ser repensada, os pais deixaram de esperar que os filhos cuidem deles ao envelhecer e querem manter sua autonomia e liberdade. Pensando nessa fatia da população, surgiram na última década condomínios específicos, em que há cuidadores disponíveis, fisioterapeutas, hidroginástica e até concierges que ajudam nas tarefas corriqueiras como fazer compras em apps. Como tudo na vida, a gente pode pensar em problema ou oportunidade. Se o mercado não ver como oportunidade, rapidamente vai virar um problema para o Estado.
Elisa Carlos é yogini, especialista em inovação e head de operação (elisaecp@gmail.com)
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