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Empreendedorismo feminino no Brasil expõe abismo entre mulheres negras e brancas

Atualizado: 13 de jun. de 2021

Redação Hypeness - Hypeness. Confira matéria original aqui.

O Brasil é o país com maior número de empreendedores no mundo e quase a metade delas são mulheres. O empreendedorismo feminino só cresce no Brasil, mas, como sabemos, tudo tem um recorte de raça no Brasil.


Apesar do novos negócios surgirem todos os dias no nosso país, o motivo para que esses empreendimentos deem certo e o quanto eles rendem varia entre mulheres negras e brancas.



Mulheres negras tem mais dificuldade de manter seus negócios do que as brancas; disparidades em educação e oportunidades de crédito fazem a vida da mulher negra mais difícil na hora de abrir um negócio


Segundo o Relatório Especial de Empreendedorismo Feminino no Brasil, do SEBRAE, 48% dos Microempreendedores Individuais (MEI) no Brasil são mulheres e os pequenos negócios representam a esmagadora maioria dos empreendimentos comandados por gestoras no nosso país.


Mas quando observamos os recortes raciais dessas empreendedoras, percebemos que mulheres negras estão a um abismo de oportunidades das mulheres brancas e até o tipo de serviço prestado por essas profissionais varia quando olhamos para a raça. O racismo estrutural marca divisões no empreendedorismo feminino.


Empreendedorismo feminino: por necessidade ou oportunidade?


Uma das melhores frases sobre o empreendedorismo é de que todos têm oportunidade, basta ter vontade e trabalhar que tudo vai dar certo. Como sabemos, o processo não é assim. Existem duas formas de ingressar no empreendedorismo: uma é por oportunidade, ou seja, uma ideia boa surgiu e você tinha um dinheiro guardado para começar esse negócio.


A outra é por necessidade, ou seja, você, provavelmente, se encontrava desempregado precisando de uma renda extra e teve que tirar alguma coisa da cachola para conseguir empreender.



Durante a pandemia, empreendimentos comnadados por mulheres negras foram os mais afetados; dificuldade de transformar negócios presenciais em serviços online foi um dos problemas apontados pelo SEBRAE


No empreendedorismo feminino, quando olhamos para raça, há uma diferença abissal entre essas categorias. Somente 35% das mulheres brancas empreendem por necessidade, enquanto esse caso é a regra para 51% das mulheres negras. Além disso, apenas 21% das mulheres negras são registradas com CNPJ. O índice é o dobro entre mulheres brancas. Os dados são do SEBRAE.


A organização também levantou que, antes mesmo da pandemia, as mulheres negras já eram o grupo social de empreendedores que recebia a menor renda média: R$ 1.384. Além disso, foi identificado que algumas das principais áreas de empreendimento de mulheres negras estão envolvidas em serviços de cuidado doméstico, enquanto isso não aparece para mulheres brancas.



“Os dados refletem os números díspares entre a população negra e branca que também existe nos dados sociais. O negro recebe menos que o branco, tem oportunidades inferiores, visto que a população branca possui um nível de qualificação maior. É de fato uma conjuntura que também vai refletir na questão do empreendedorismo”, declara o economista Rafael Ramos.


Empreendedorismo feminino negro: desafios


Durante a pandemia, o setor de empreendedores mais afetado foi o de mulheres negras. Segundo dados do SEBRAE, 36% delas fecharam suas empresas ou pararam seus negócios, e muitas não possuem infraestrutura para conseguir realizar serviços de delivery ou online.


Acesso a crédito foi dificultado para mulheres negras mesmo com baixo índice de inadimplência; dado reflete um dos principais desafios das empreendedoras pretas no nosso país


Outro dado assustador é que 58% das mulheres negras que buscaram crédito com bancos e instituições financeiras receberam um não. Ah, somente 25% delas tinham algum tipo de restrição de crédito, como nome no SPC ou Serasa. Então fica aquele recado para as empresas: não adiantar encher seus comerciais na televisão de diversidade se seus serviços não servem a essa população.

Um problema que afeta também é o número de mulheres negras que têm ensino superior completo e estão empreendendo é muito baixo (6,8%). A necessidade de complementar renda e a falta de acesso à universidade se tornam fatores decisivos que acabam impactando os negócios desse grupo social.


Os dados levantados pelo SEBRAE apenas mostram que o empreendedorismo reflete as mesmas desigualdades e diferenças de oportunidade da sociedade como um todo, mostrando que o racismo estrutural impacta de maneira grave as empreendedoras negras no Brasil.


Iniciativas de empreendedorismo feminino negro


Existem uma série de espaços que não foram ocupados ainda pelas mulheres negras, mas precisam ser. Para isso, é importante lugar contra o racismo, agir com o consumo consciente debaixo do braço e fortalecer pessoas de minorias na hora de se mimar. Há dezenas de iniciativas de empreendedoras negras incríveis que você deveria conhecer. Listamos algumas delas aqui:



Nina Silva fundou o Movimento Black Money, um hub de inovação digital que dá formação e palestras para financiar empreendedores negros. Para Silva, o empoderamento através do dinheiro é uma forma de combater o racismo e de dar autonomia a comunidade preta no Brasil.

“Sentia uma inquietação em ver lugares que não são ocupados por outras mulheres e outras pessoas negras. Mais ainda, queria criar a autonomia para que que nós não precisemos desses lugares. Será que nós sempre vamos ter de ficar pedindo inclusão, uma oportunidade para o mesmo grupo que nos oprimiu? Nunca acreditei que a real autonomia e liberdade da população negra no mundo se darão por outras mãos”, afirma ao NaPratica.org.


“Temos cases de alunas que fundaram novos negócios após a turma. Nossas alunas e alunos se tornam multiplicadores da transformação que o afroempreendedorismo e Black Money trazem. Nossa política é pautada na circulação de capital por mais tempo dentro da comunidade negra, acelerando assim o processo emancipatório da nossa comunidade para o fortalecimento o empoderamento negro coletivo e não individual”, completa Nina, que é considerada uma das 100 pessoas afrodescendentes com menos de 40 anos mais influentes do mundo pela Organização das Nações Unidas.

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