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Impotência sexual, aposentadoria e medo da dependência assustam os homens

FEV 19, 2022

Lilian Monteiro - Estado de Minas. Confira matéria original aqui.


Com o envelhecimento, os homens passam por um processo de queda de testosterona, de forma gradual e menos intensa que as mulheres(foto: Pixabay)


Apesar de o processo de envelhecimento ser semelhante em ambos os sexos, algumas diferenças acontecem devido aos hormônios característicos de cada um


Com o envelhecimento, os homens passam por um processo de queda de testosterona, de forma gradual e menos intensa que as mulheres(foto: Pixabay)


Os homens não têm tanta preocupação corporal no envelhecimento, mas convivem com outros problemas. “O medo do envelhecimento gira em torno da impotência sexual, aposentadoria e o receio de depender de outras pessoas.”

Na área profissional, também vemos mudanças com o envelhecimento. “Vivemos em uma sociedade em que a cultura, em grande parte das empresas, expressa-se no sentido de trocar funcionários mais velhos por outros mais novos por entender que eles vão produzir mais e, ainda, ganhar menos. Ou seja, a experiência, os valores e conhecimento acabam sendo deixados de lado”, destaca a geriatra Simone de Paula Pessoa Lima, da empresa especializada em home care Saúde no Lar.

"Apesar de o en ter ajudado na mudança da visão em relação à pessoa idosa, ainda assim, mesmo que de forma mais branda, o etarismo acontece. Devemos continuar ensinando sobre o processo do envelhecimento e as mudanças naturais que ocorrem. Falar sobre as doenças que não são ‘da idade’ e devem ser tratadas de forma adequada. Insistir no respeito, acolhimento e inserção social da pessoa idosa", lembra.

Conforme a geriatra, "criar projetos de vida significativos e que ultrapassem barreiras relacionadas à idade, beleza ou corpo físico fazem com que o envelhecer seja mais tranquilo". O QUE DIZ A MEDICINA A geriatra Simone Lima explica que o envelhecimento e a longevidade são determinados por uma série de fatores, tais como biológicos, psicológicos, genéticos, estilos de vida, ambientais, entre outros. “Desde sempre, as mulheres foram intimadas a cumprir papéis sociais, tais como casar, ter filhos, ter um corpo escultural. Para alcançar tudo isso e ainda ter uma carreira profissional brilhante antes de envelhecer, elas teriam de correr contra o tempo. Hoje em dia, as coisas – ainda bem – estão diferentes. Elas estão mais livres para escolher seus papéis, podendo simplesmente adiar ou, então, não cumpri-los. Além disso, as mulheres sempre se cuidaram e preocuparam com a saúde mais que os homens.”

A geriatra conta que, apesar de o processo de envelhecimento ser semelhante em ambos os sexos, algumas diferenças acontecem devido aos hormônios característicos de cada um. “Nas mulheres acontece o climatério, nome dado ao período em que há um declínio brusco do estrogênio, gerando mudanças corporais (menopausa, distribuição de gordura) e comportamentais. Nos homens, de forma mais gradual e menos intensa, os níveis de testosterona diminuem. Fato é que o envelhecimento é um processo que se inicia bem antes dos 60 anos e acontece de forma individualizada.


Envelhecemos ao longo da vida, e durante todo esse processo, podemos ter atitudes que favorecem um envelhecimento bem-sucedido. Ser acompanhado por uma equipe multidisciplinar pode ser um fator que vai ajudar a pessoa a alcançar uma excelente qualidade de vida.”


A MULHER BRASILEIRA Para Simone, o avançar da idade para a mulher se torna um sofrimento maior por vários motivos. “A mudança corporal que afeta a mulher é a que mais gera angústia. Nossa sociedade, infelizmente, culturalmente falando, ainda é patriarcal e exige da mulher um padrão de beleza jovem: ‘curvas’, barriga ‘chapada’, malhação intensa. A mudança hormonal do climatério muitas vezes dificulta ou mesmo impede que esses padrões sejam atingidos. Várias mulheres se entregam a procedimentos estéticos em busca desse padrão e nem sempre conseguem atingi-lo”, comenta.

“Os procedimentos são cada vez mais frequentes e iniciados em idades mais precoces. Muito ainda precisamos mudar e entender que não é necessário ter um padrão de beleza jovem. Cada idade tem o seu belo e deve ser assim valorizado e respeitado. Com a pandemia, pintar – ou não – os cabelos brancos passou a ser mais discutido. Saindo da questão corporal, as preocupações da mulher com o envelhecimento costumam ter um cunho mais profundo. Ela passa a refletir mais sobre seus papéis.” Geriatra ou gerontólogo? Simone Lima ensina que a geriatria é uma especialidade médica. Esse especialista estuda mais o processo de envelhecimento, estando mais preparado para entender e gerenciar as mudanças dele decorrente e as doenças mais comuns que acontecem. Já o gerontólogo é um profissional que estudou e compreende melhor sobre o processo de envelhecimento em suas diversas esferas: física, social e emocional. Pode ser das mais diversas áreas, como fisioterapia, psicologia, fonoaudiologia etc.

"No Brasil, a pessoa é considerada idosa a partir dos 60 anos. A geriatria, inicialmente, está indicada para todos os idosos. O geriatra deve ter uma visão ampla em relação à saúde, abrangendo aspectos físicos, emocionais e psíquicos do paciente que está em processo de envelhecimento. Ele vai realizar a promoção à saúde, rastreio e diagnóstico de doenças, gerenciar os tratamentos e buscar a qualidade de vida como um todo. Mas nada impede que uma pessoa com idade inferior a 60 anos procure um geriatra em busca desses benefícios.”

A médica lembra que o acompanhamento com profissional qualificado é de fundamental importância para o gerenciamento das diversas questões que o envelhecimento traz. “Quanto mais cuidado, menor o risco de problemas graves atrapalharem a vida do idoso.” O geriatra também está apto a realizar, quando indicado e necessário, o acompanhamento das doenças sem possibilidade de cura, aplicando os cuidados paliativos.

E sobre o "desabafo" de Xuxa, que ganhou destaque nas redes sociais e virou o assunto do momento, a geriatra acredita que “ela tem toda razão. Precisamos de uma mudança cultural e, consequentemente, social, e isso demanda tempo. As pessoas e o mundo estão envelhecendo e ainda se considera que envelhecer é ficar dependente, doente. Já está na hora de mudar esse discurso. O idoso não deve ser sinônimo de fardo, de doenças ou dependência”.

Segundo a especialista, “os novos idosos estão chegando em idades mais avançadas de forma mais independente e cheios de vida. É necessário fazer com que as pessoas reconheçam a diversidade e a experiência do idoso. Aumentar ações que combatam esse preconceito, tanto na mídia como na sociedade como um todo, é imperativo.

“Ao conscientizar a população sobre o etarismo e suas consequências, podemos diminuir os estereótipos baseados na idade, sejam eles profissionais, físicos ou sociais, pois eles podem causar efeitos muito negativos na pessoa idosa”, alerta.


Envelhecimento saudável

Quanto à saúde em si, a geriatra estaca a existência de alguns pilares ara um envelhecimento realmentesaudável. Entre eles:

Uma boa nutrição, que ofereça ao idoso alimentos com nutrientes, vitaminas e outros compostos que ajudem o bom funcionamento do organismo Um acompanhamento profissional regular para descobrir precocemente algum problema, se existe ou não algum déficit Atividade física, que também é importantíssima, pois além de reduzir o risco de doenças crônicas melhora o humor, a mobilidade, o convívio social, e ajuda a manter o peso corporal e aumentar a massa magra Manter uma rede de convívio não só com familiares e entes queridos, mas com amigos e amigas, o que ajuda consideravelmente na melhora do humor e o faz mais independente.

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