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Influenciadoras 50+: o boom de mulheres que ganharam as redes sociais com relatos da maturidade

OUT 27, 2022

Giuliana Cury - globo.com. Confira matéria original aqui.


De menopausa a viagens, as influenciadoras 50+ conquistam cada vez mais espaço (e engajamento) nas redes sociais revolucionando a ideia de longevidade


Influenciadoras 50+ o boom de mulheres que ganharam as redes sociais com relatos da maturidade — Foto: Colagem: Sthefanie Louise


Ela iniciou o movimento de contracultura na década de 60. Fez passeatas e levantou placas a favor da revolução sexual. Queimou sutiãs em 1968 para chamar atenção para o movimento de liberação feminina. Cantou, dançou, usou drogas e pregou o amor livre durante o festival de Woodstock, em 1969… A geração baby boomer (nascidos entre 1946 e 1964) tem alma revolucionária, questionadora, precursora. Inquieta por natureza, não é de admirar que, hoje, estejam à frente de uma nova revolução, a digital. Os boomers, acompanhados pela Geração X (nascidos entre 1965 e 1980), estão se apropriando de um ambiente até então considerado domínio exclusivo das gerações mais novas: as redes sociais.


“Essa geração quebrou vários tabus, revolucionou a juventude e, agora, está revolucionando também a longevidade”, diz Clea Klouri, sócia-fundadora do Silver Makers, hub de criadores de conteúdo feito por pessoas acima de 50 anos, e do Data8, núcleo de pesquisa especializado no público 50+. “Atualmente, existem influenciadoras maduras falando de moda com 400 mil seguidores no Instagram. Canais sobre viagens para 60+ com mais de 300 mil inscritos. E até YouTubers de 90 anos com milhares de visualizações toda semana”, aponta Clea, que apresentou os dados num estudo feito em 2020. Com conteúdo diverso (de hobbies à menopausa, incluindo viagens, descobertas da idade, relacionamentos e até cuidado dos netos), a especialista diz que o número de influenciadores maduros não para de crescer.

Quando paramos para pensar que somos condicionados a temer o envelhecimento – sobretudo as mulheres –, a enxergar essa etapa da vida como o início do fim, a acreditar que, a essa altura, tudo o que era para ser feito já deveria ter sido realizado, é motivo para comemorar muito ver tanta gente iniciando um novo ciclo justamente nesse momento. E, segundo as pesquisas que vemos sobre o assunto, isso é apenas o começo. Um novo começo. Tempestade perfeita O mudo está envelhecendo. É fato. No Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são mais de 28 milhões de pessoas com mais de 60 anos. Além de ter um número maior de pessoas cruzando essa faixa de idade, há também um aumento no acesso digital: são mais de 5 bilhões de pessoas no mundo usando a internet, de acordo com o relatório da Digital Statshot, de abril de 2022, que foi publicado em parceria com We Are Social e Hootsuite. Isso significa que 63% da população mundial está online.

Quando falamos apenas de Brasil, de acordo com a uma pesquisa da Confederação Nacional dos Lojistas, 68% dos idosos acessavam a internet em 2018 e, em 2021, o número subiu para impressionantes 97%. “A pandemia da Covid-19 fez disparar o acesso à internet pelo público sênior”, diz Viviane Palladino, CEO da Mais Vívida, start-up criada para oferecer inclusão digital para o público acima de 50 anos (e que, agora, ampliou o espectro de atuação para qualquer idade que queira ajuda nessa área). “Durante o distanciamento social, o grupo sênior precisou mergulhar no mundo digital, seja para acessar o banco e fazer compras online, seja para manter o relacionamento com família e amigos, seja para continuar a trabalhar em home office”, completa Palladino. A antropóloga e colunista da Vogue, Mirian Goldenberg, também vê a pandemia como um grande catalisador desse movimento de ocupação das redes sociais pelas pessoas mais velhas: “Estava todo mundo preso em casa. Todos assustados, buscando informações, querendo saber o que estava acontecendo. Junto a isso, o desejo de conexão, de conversar e de trocar experiências”, observa.

E uma coisa levou a outra: com mais intimidade com a tecnologia, a população mais velha foi expandindo a presença e atuação nas redes sociais. Nos Estados Unidos, a porcentagem de usuários de mídia social com 65 anos ou mais subiu para 45% em 2021, contra 34% em 2016, de acordo com a Pew Research, uma think tank americana. Quando se olha a idade entre 50 a 64 anos, o número sobe para 73%. De acordo com uma pesquisa apresentada em 2020 pela Silver Makers, dos brasileiros entrevistados acima de 50 anos, 42% estavam presente no Instagram, 26% no Facebook e 16% no YouTube. Ocupando espaços Segundo um report da We Social, publicado em novembro de 2021, a Geração X e os boomers não apenas estão ficando mais tempo conectados às redes como também expandiram sua presença neste espaço: o número médio de contas desse público é de 5,8, provando que nem só de Facebook vive essa parcela da população. E mais: para essa turma, ficar apenas checando as atualizações não faz sentido. Ela tende a usar as mídias de maneira mais proposital do que os mais jovens. Esse ambiente virou um canal para expressarem seu modo de enxergar a vida, menos como uma vitrine pura e simples, e mais como uma forma de compartilhar propósitos.

Além do movimento pró-idade, o que os influenciadores 50+ estão fazendo é apontando uma mudança – ampla e permanente – de estilo de vida nessa faixa de idade. Muitos encontram-se em processo de troca de carreira, experimentando novos amores ou interesses, descobrindo habilidades desconhecidas ou aprimorando antigas competências. “A maioria deles começou a usar as redes sociais como uma simples forma de expressão. Temas como menopausa e sexualidade nessa idade foram ganhando corpo. As pessoas foram se identificando, se sentindo representadas e encorajadas a opinar e a se mostrar também”, explica Clea. E a onda foi crescendo: moda, turismo, relacionamento, culinária… Os mais variados temas passaram a ser abordados sob o olhar e a experiência dessa geração, que está compartilhando tudo de forma genuína e autêntica nas mídias sociais. “Mesmo que a maioria não tenha um número superlativo de seguidores, as influenciadores 50+ têm um engajamento muito forte. E acredito que esse movimento vai crescer cada vez mais – e de forma ainda mais rápida”, completa a fundadora do Silver Makers. Apesar de o movimento estar em franca ascensão, ainda há dificuldades pelo caminho e barreiras a serem vencidas, como pontuou Adri Coelho Silva, colunista de Vogue Sua Idade e criadora da plataforma Viva a Coroa (@vivaacoroa): "O mercado publicitário ainda tem muito a visão do 'forever young'. Com isso, ainda continuamos a ser colocadas de lado em campanhas e são poucas as marcas que querem fazer associação com pessoas dessa faixa de idade. Aos poucos isso está mudando, é verdade. E isso graças à presença cada vez maior de mulheres 50+ nesse ambiente, ocupando os espaços, mostrando que continuamos vivendo bem, consumindo e aproveitando a vida".

Com os mais variados estilos, abordando temas que fazem parte do dia a dia, mulheres acima dos 50, dos 60, dos 70 anos realmente estão encontrando seu lugar no mundo digital e se sentindo muito confortável ali. Nomes como Helena Schargel (@helenaschargel), 80 anos, que lançou uma linha de lingerie para mulheres 50+; Consuelo Blocker (@consueloblocker), 57 anos, que compartilha dicas de estilo, viagem e relacionamento; e a norte-americana Helen Winkle (@baddiewinkle), aos 93 anos esbanjando autenticidade em seus looks vibrantes, servem de inspiração para muitas mulheres que encontram nelas, não apenas uma voz que as representa, mas corpo, alma e atitude.

Sem dúvida, essa geração está mostrando que os 50+ de hoje estão mais agitados – e divertidos, cheios de desafios e com muitas barreiras ainda para serem quebradas –, do que nunca. Conheça outras influenciadoras maduras que provam que envelhecer não é mais como era antigamente:

Rosa Saito (@rosa.saito), 71 anos Dona de casa, mãe de três filhos e viúva, Rosa começou a carreira de modelo aos 68 anos.

Rosa Saito — Foto: @rosa.saito Janie Medley (@medleystyle), 63 anos A influenciadora norte-americana nunca gostou da frase “não fica bem por causa da idade” e criou o blog Medley Style para mostrar como fazer a melhor combinação de styling possível, independentemente da idade ou do corpo.

Janie Medley — Foto: @medleystyle

Adri Coelho Silva (@vivaacoroa), 56 anos À frente da plataforma Viva a Coroa há três anos, Adri Coelho Silva produz conteúdo para as redes sociais e sua coluna no canal Sua Idade, da Vogue Brasil, falando abertamente sobre as dores e delícias de envelhecer bem, promovendo um espaço de debate sobre o envelhecimento feminino.

Adri Coelho Silva (Foto: Igor Reis/Divulgação) — Foto: Vogue

Ieda Wobeto (@iedawobetoreal), 76 anos A gaúcha participou do BBB 17 aos 70 anos e virou empresária aos 75.

Ieda Wobeto — Foto: @iedawobetoreal

Karen Williams (@ksewilliams), 54 anos No Instagram, a norte-americana se descreve como “modelo de diversidade de idade + defensora do bem-estar e embaixadora do envelhecimento empoderado, celebrando mudança”.

Karen Williams — Foto: @ksewilliams

Rogéria Maciel (@ro.macielestilo), 63 anos Arquiteta e designer de acessórios, Ro Maciel, como é conhecida nas redes, é consultora de imagem e dá curso de image e estilo da maturidade.

Rogéria Maciel — Foto: @ro.macielestilo Luisa Dunn (@thesilverlining_1970), 52 anos Criadora digital australiana, Luisa compartilha em seu Instagram as fases de sua transição para o cabelo branco. Hoje também atua como modelo.

Luisa Dunn — Foto: @thesilverlining_1970 Nunca é tarde Para quem está pensando em começar a criar conteúdo, a colunista de Sua Idade, Adri Coelho Silva (@vivaacoroa), compartilha algumas dicas:

> Escolha um assunto que faça sentido para você, que tenha a ver com a sua vida. “Você só vai conseguir se destacar na produção de conteúdo se falar sobre algo que te encanta, que te emociona, que faça você se entregar completamente”, diz Adri.

> Seja autêntica. “Não tente fazer algo ou falar sobre algum assunto só porque os outros estão fazendo. O que vai te diferenciar é aquilo que é único, só seu.”

> Tenha paciência. “Nesse e em qualquer outro ramo é importante saber esperar. Dar tempo para que as coisas aconteçam.”

> Foque no que quer comunicar e não no dinheiro que quer receber. “Se quiser apenas ganhar dinheiro, melhor desenvolver um produto e não conteúdo. O retorno financeiro virá com o tempo, se o conteúdo for consistente e encontrar as pessoas que querem ouvir.”

> Não mude quem você é só para agradar a audiência. “O grande desafio desse trabalho é não correr para a gaiola de ouro: conceito do 'forever young', seguir determinados padrões, ter que fazer isso ou fazer aquilo. Faça aquilo que seja verdade para você. Se conheça e se respeite.”

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