JUN 08, 2022
ZAP.aeiou. Confira matéria original aqui.
A equipa utilizou dois ratos irmãos nas suas experiências e modificou geneticamente um deles para o envelhecer de forma mais célere — implementando, de seguida, a lógica inversa.
O envelhecimento e as suas consequências sempre foram algo que os humanos quiseram contrariar, daí esta ser uma das áreas em que mais estudos têm sido levados a cabo.
Na realidade, muitas das tecnologias em desenvolvimento já começaram a eliminar as mudanças físicas provocadas pelo envelhecimento, mas ainda não há uma solução permanente para o problema do envelhecimento.
Os estudos anti-envelhecimento continuam e em março os investigadores conseguiram mesmo inverter os sinais de envelhecimento em ratos de meia-idade, executando transplantes fecais — que resultaram na inversão de algumas das marcas do envelhecimento.
Agora, o biólogo molecular David Sinclair e a sua equipa da Faculdade de Medicina de Harvard inverteram o envelhecimento em ratos, recorrendo a proteínas que podem transformar uma célula adulta numa célula estaminal, de acordo com a CNN.
Na sua primeira descoberta, publicada no final de 2020, a equipa restaurou as retinas danificadas de ratos velhos e melhorou os níveis de visão do recém-nascido.
“É um restabelecimento permanente, tanto quanto podemos dizer, e pensamos que pode ser um processo universal que poderia ser aplicado em todo o corpo para restabelecer a nossa idade”, apontou Sinclair. “Se invertermos o envelhecimento, estas doenças não deveriam acontecer. Temos hoje a tecnologia para podermos completar mais de 100 anos de vida sem nos preocuparmos em ter cancro aos 70, doenças cardíacas aos 80 e alzheimer aos 90″.
O mesmo investigador é defensor da ideia que a medicina moderna trata a doença, mas ignora a causa fundamental, “que para a maioria das doenças é o próprio envelhecimento”. “Sabemos que a inversão da idade de um órgão, como o cérebro num rato, elimina as doenças que envelhecem”.
A equipa utilizou dois ratos irmãos nas suas experiências e modificou geneticamente um deles para o envelhecer de forma mais célere. A tese experimental foi: Se isso pudesse ser feito, poderia o seu inverso ser feito também?
O investigador Shinya Yamanaka liderou um estudo anterior nesta área que reprogramou as células cutâneas adultas humanas para se comportarem como células estaminais embrionárias ou pluripotentes.
As suas “células estaminais pluripotentes induzidas”, tornaram-se mais tarde conhecidas como “fatores Yamanaka“. O problema com este método, contudo, era que as células adultas perdia sua identidade quando trocadas de novo por células estaminais.
Por sua vez, os investigadores do laboratório de Sinclair procuraram uma alternativa mais segura. Escolheram três dos quatro fatores Yamanaka e adicionaram-nos geneticamente a um vírus inofensivo.
O vírus foi criado para enviar fatores Yamanaka para as células ganglionares da retina danificadas na parte de trás do olho de um rato idoso. Os genes foram ativados dando ao rato um antibiótico depois de injetado o vírus no olho.
“O antibiótico é apenas um instrumento. Pode ser qualquer químico, na realidade, apenas uma forma de ter a certeza de que os três genes estão ligados”, disse Sinclair à CNN. “Normalmente eles só estão ligados em embriões em desenvolvimento muito jovens e depois desligam-se à medida que envelhecemos”.
Os resultados finais mostram claramente que os neurónios danificados nos olhos dos ratos injectados com as três células recuperaram milagrosamente — mesmo germinando novos axónios, ou extensões do olho para o cérebro. Sinclair declarou que a sua equipa inverteu o envelhecimento dos músculos e cérebros dos ratos desde o estudo inicial, e agora estão a trabalhar na regeneração de todo o corpo de um rato.
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