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Negócios para pessoas maduras: entenda o perfil de consumo

MAI 05, 2022

Daniel Bidone - 1320 Hub. Confira matéria original aqui.



A cada 21 segundos, uma pessoa completa 50 anos no Brasil. Estamos em uma fase moderada de envelhecimento do país e já temos mais pessoas acima dessa faixa etária do que adolescentes com 17 anos. Essa é uma tendência observada de forma geral na América Latina, região que envelhece mais rápido no mundo. Mas parece que o mercado ainda está alheio ao enorme potencial dos negócios para pessoas maduras. Uma multidão cada vez maior de consumidores está ávida por ser bem atendida.


O lançamento recente do estudo Tsunami Latam, coordenado pelo laboratório Data8, reiterou mais uma vez a força da Economia Prateada, que já havia ficado evidente em pesquisas anteriores: Tsunami 60+ (2018) e Tsunami Plateado (2021). Os insights gerados a partir desses levantamentos mostram que as pessoas maduras possuem necessidades específicas – que não podem ser generalizadas ou estereotipadas, muito menos menosprezadas.

Economia Prateada aquece cenário de negócios para pessoas maduras


Já faz algum tempo que todos os olhares estão voltados aos millenials, uma geração com alto poder de consumo e influência. As marcas de beleza e bem-estar sabem como falar com as pessoas jovens, conseguem atraí-las e satisfazê-las. Mas não acontece o mesmo em relação às pessoas maduras, o que deixa uma grande lacuna de mercado.


Segundo o Tsunami 60+, a Economia Prateada, que reúne as atividades econômicas de pessoas acima dos 50 anos, movimenta US$7,1 trilhões anualmente em todo o mundo. Apenas no Brasil, essa indústria já alcança R$1,6 trilhão por ano. Não é de se surpreender, afinal, a população está vivendo mais e melhor. O estudo Tsunami Latam indicou que a porcentagem de pessoas com mais de 65 anos na América Latina deve dobrar nos próximos 30 anos, alcançando 18% da população.


Ao mesmo tempo em que a demanda aumenta, faltam produtos e serviços pensados para esse público. Quando existem, a comunicação falha, fazendo associações que não representam a realidade das pessoas maduras. Como resultado, existe uma insatisfação geral entre os consumidores acima dos 50 anos.


Quanto maior a idade e menor o poder aquisitivo, mais intensa fica essa sensação incômoda: 5 em cada 10 latinoamericanos com mais de 65 anos e renda de até dois salários mínimos reclamam que são excluídos pelas marcas. Esse é um ponto que merece atenção das empresas, já que 44% das pessoas entrevistadas no Brasil afirmaram ter sofrido um decréscimo financeiro em 2021.

Consumo na maturidade: o que mais desperta interesse


De acordo com a pesquisa Tsunami Latam, 37% das pessoas maduras costumam comprar coisas para si, enquanto 36% preferem artigos domésticos e 18% presenteiam a família. A maior prioridade dessa população é cuidar da saúde – resposta dada por 73% dos brasileiros com mais de 55 anos. Esses dados expõem uma predisposição natural ao consumo de produtos e serviços de cuidados pessoais, desde que sejam coerentes com as necessidades da faixa etária.


Uma das questões que aparecem com frequência em pessoas mais velhas é a sensibilidade na pele, o que exige das marcas de beleza a priorização de insumos hipoalergênicos. Em relação a rótulos, letras maiores do que o padrão são essenciais para facilitar a leitura das informações. Nas lojas, a altura das prateleiras e a disposição dos produtos devem considerar possíveis restrições de acessibilidade.


Mas não dá para focar apenas no comércio físico – os negócios para pessoas maduras também precisam ter uma forte presença digital. Os dados do Tsunami Latam apontam que 93% dos latino-americanos com mais de 45 anos possuem smartphone e 9 em cada 10 pessoas dessa faixa etária acessam a internet todos os dias. Em média, 67% dos entrevistados afirmaram ter feito compras on-line nos últimos doze meses. No Brasil, entretanto, esse índice cai para 39% entre o público acima dos 55 anos.

Perfil das gerações maduras na América Latina


Um dos erros comuns em negócios para pessoas maduras é a generalização do público. As necessidades e preferências mudam conforme a faixa etária e o local de residência, principalmente no mercado da América latina. O Tsunami Latam fez diversas análises direcionadas, dividindo esse público em duas gerações predominantes.


Geração Prateada


Formada por pessoas nascidas entre 1946 e 1964, que cresceram em um cenário pós-guerra e acompanharam a consolidação do modelo capitalista de consumo. Em razão desse contexto, formaram crenças relacionadas à escassez, mas também foram protagonistas de movimentos de contracultura, disseminando ideais de igualdade e liberdade.


Segundo o Tsunami Latam, 55% das pessoas dessa geração trabalham em empresas ou por conta própria e 36% são aposentadas. A maioria significativa mora com o cônjuge, tem filhos e se denomina católica. Além disso, 47% acreditam que as empresas, as marcas e o poder público não veem os consumidores dessa faixa etária.


Geração Invisível


Também conhecida como Geração X, abrange as pessoas que nasceram entre 1965 e 1979. Marcada pelo início da globalização e da ascensão tecnológica, essa geração valoriza o acúmulo de riqueza e de bens materiais. Acredita que, com dedicação ao trabalho, pode realizar desejos pessoais. Esse é um dos motivos pelos quais 78% dos entrevistados dessa faixa etária permanecem ativos profissionalmente, contratados por empresas ou por conta própria.


Essa geração assume uma grande responsabilidade com os familiares. Enquanto 28% ajudam financeiramente filhos ou netos, 15% apoiam os pais com dinheiro e 20% nas atividades diárias. Embora os valores e costumes ainda sejam parecidos com a Geração Prateada, 6% dos entrevistados da Geração Invisível se declararam homossexuais ou bissexuais e 18% afirmaram ter fé, mas não seguir nenhuma religião específica.

No Brasil, inovação em negócios para pessoas maduras


Entre os países da América Latina, o Brasil se destaca. Não apenas pela dimensão continental, que faz a população madura se tornar ainda mais expressiva do que em outros locais, mas também pelas iniciativas empreendedoras direcionadas a esse público. Aqui estão situados muitos negócios inovadores que servem de referência na Economia Prateada. Em 2020, foram contabilizadas 343 Agetechs em atividade no país – startups com negócios para pessoas maduras.


A população brasileira acima dos 50 anos movimenta quase 20% da economia nacional por ano. Muitas dessas pessoas têm uma importante participação na manutenção financeira dos lares, o que explica a necessidade de seguir trabalhando por conta própria mesmo depois da aposentadoria.


Ativas física e mentalmente, as pessoas maduras que vivem no Brasil não se identificam com a imagem estereotipada criada dos idosos. Desejam aproveitar essa fase da vida e acreditam que podem chegar aos 100 anos. Mas também sentem a indiferença da sociedade e das empresas, que parecem não se dedicar para vender o que esses consumidores desejam comprar. Para um público que quer tanto investir no autocuidado, o mercado da beleza, saúde e bem-estar certamente tem muito a agregar.

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