OUT 19, 2022
Priscila Natividade - Correio. Confira matéria original aqui.
‘O conceito de velho que tínhamos ficou velho’, defende Layla Vallias
Na 13ª edição do Agenda Bahia, Desafios e oportunidades da economia prateada foram temas do Talk 60+, que contou com a participação da cofundadora Hype50+ A cada 21 segundos um brasileiro faz 50 anos. E isso não é só uma estimativa, mas uma realidade frente à pirâmide etária cada vez mais invertida no país, onde a população acima de 60 anos vai ultrapassar em 2037 a de entre 0 e 17 anos. O fenômeno tem nome: revolução da longevidade. E foi dentro de casa que a especialista em Economia Prateada, Layla Vallias, encontrou seu objeto de estudo e inspiração para começar a olhar o envelhecimento de uma ótica muito distante de que a velhice era o fim. “Meu pai me inspirou a começar a estudar longevidade porque quando ele se aposentou, aos 62 anos, ainda estava muito bem, com muitos planos, sonhos, vontade de realização. Foi aí que eu comecei a ver que o mercado não estava muito preparado para os mais velhos no Brasil, os maduros. Foi nisso que eu identifiquei um segmento muito pulsante que estava invisível, o mercado da longevidade”, afirmou.
Hoje, aos 72 anos, o pai de Layla, Marcos Vallias, já está no terceiro casamento e fazendo coisas que nem imaginava fazer.
“A gente precisa falar desse assunto. O conceito de velho que tínhamos ficou velho. Antes, a vida era muito mais determinada a nascer, estudar, trabalhar e morrer. Agora, existe uma vida muito mais plural”. Forbes Under 30 e cofundadora do núcleo de pesquisa em longevidade Data8 e da consultoria de marketing especializada no consumidor maduro Hype50+, Layla Vallias trouxe essas e outras provocações sobre os desafios e as oportunidades da economia prateada para serem debatidas no Talk Mercado 60+, que aconteceu na programação da tarde desta terça-feira (18), durante a 13ª edição do Agenda Bahia, no Whish Hotel, em Salvador.
“O Brasil está envelhecendo em um ritmo tão acelerado que a gente não tem que andar, mas realmente correr para poder se adaptar a essa nova realidade. Atualmente, o mercado da longevidade já representa aí quase R$ 2 trilhões de reais por ano. Por isso é tão importante olhar para esse consumidor. Quem não acompanhar essas transformações vai perder espaço”, destacou Layla.
Agora prateado Segundo a especialista a revolução acontece por dois motivos: a expectativa de vida maior e a geração que vem quebrando esses tabus. Dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que a esperança de vida do brasileiro, em 12 anos, passou de 73,86 para 77,19 anos. Entre os baianos, foi de 71,92 para 74,76 anos.
“É a primeira vez na história que a gente vive tanto. As pessoas que estão chegando na maturidade hoje são muito diferentes. A geração dos baby bommers é formada por aquelas mulheres que saíram para trabalhar, os primeiros hippies, as primeiras feministas, então, é meio óbvio que essas pessoas também estariam quebrando todos os tabus do que significa envelhecer”, comentou.
Quem faz parte dessa geração disposta a consumir e por mais um bom tempo é a técnica de qualidade, Sandra Oliveira, 61 anos. Já aposentada, ela voltou a trabalhar na indústria. No início era só uma vaga temporária de seis meses que, na verdade, já passou dos quatro anos.
“Daqui da plateia, eu me vi muito ali dentro de tudo que ela falou. Fui convidada a trabalhar depois da minha aposentadoria e isso mudou tudo. Me sinto mais útil, em plena atividade. O debate ajuda a estimular a quebrar o preconceito que ainda existe no Brasil sobre a contratação de profissionais maduros. A gente não sente mais o peso da idade, mas sim, enxerga novas possibilidades”. Já no caso do consultor de vendas, Valdemir Assis, 60 anos, o talk fez com que ele repensasse, sobretudo, sua resistência ao mundo digital. “Sem dúvida, ouvir tudo isso é um incentivo para mim, principalmente, para um mundo onde eu possa envelhecer melhor. Abriu a minha mente para enxergar a velhice de outras formas e até vencer a resistência que tenho da tecnologia, me alertar para praticar mais e derrubar essa barreira”.
Também na plateia, aos 78 anos, o administrador José de Albuquerque é mais um idoso que está desconstruindo a ideia de que a velhice é frágil e improdutiva, se a vida mais longa abre espaço para o novo.
“Sempre participo das edições do Agenda Bahia. São temas que me interessam bastante, principalmente, porque eu ainda trabalho e é muito bom acompanhar o que está acontecendo e conhecer o novo. O evento passa essa energia. O tempo não limita, temos muito caminho pela frente”. Para Layla Vallias, é justamente esse diálogo que ajuda a tirar os mais maduros da invisibilidade. “A gente precisa começar a dar mais espaço para as pessoas se posicionarem. É muito bacana quando eventos como o Agenda Bahia levam esse assunto para a mesa e, principalmente, de uma forma propositiva, traz painéis que falam do agora, de mercado, de impacto social para que a gente comece essa conscientização partindo para a ação”, ressaltou. Marcus Casaes mediou painel sobre Protagonismo da Juventude (Foto: Paula Fróes)Juventude vai encontrar seu protagonismo em negócios com propósito
Se por um lado, os idosos estão movimentando a revolução da longevidade, de outro, os jovens não só carregam o potencial para transformar o agora - em um ritmo de mudanças instáveis e aceleradas - mas também enfrentam, em simultâneo, os principais desafios sociais do país. É nesse cenário que o painel Protagonismo da Juventude para moldar o futuro debateu o que precisa ser feito para estimular empoderamento das novas gerações durante a 13ª Edição do Agenda Bahia 2022.
Mediado por Marcus Casaes, ceo da Casaes Automação e pioneiro em Automação Residencial na Bahia, a mesa contou com a presença da fundadora da Essence Branding Consultoria e presidente da Confederação Nacional de Jovens Empresários (Conaje), Maria Brasil, além do presidente do Conselho Nacional da Juventude do Brasil (Conjuve), coordenador do Atlas das Juventudes e consultor para a temática de juventudes e políticas públicas, Marcus Barão. Quem também participou do painel foi Pedro Englert, sócio da StartSe, plataforma de Conhecimento em Negócios focadas no agora.
Na apresentação, os participantes concordaram que o potencial da juventude existe, mas que todo protagonismo precisa ter significado, como defendeu Marcus Barão. Ele lembrou, inclusive, do início da sua história com as políticas de juventude:
“Sou carioca e aos 15 anos eu não estava no Agenda Bahia, nem sentado aqui com vocês, mas em julgamento e sob a tutela do estado. Foi um período muito difícil. Até que fui convidado a participar de um programa para jovens. Eu estudava música, tinha uma banda e foi através da música que me convenceram. Foi extremamente importante porque ali eu encontrei rede de apoio, novas perspectivas, caminhos e possibilidades para mudar minha trajetória”.
Já Maria Brasil que é a atual representante do Brasil no G20 Young Entrepreneurs Alliance e na Federación Iberoamericana de Jóvenes Empresarios, ressaltou a importância de criar conexões. “Minha caminhada no associativismo jovem começou quando uma amiga me chamou para participar de um café com empreendedoras. Foi aí que me conectei com esse grupo e me identifiquei com muita gente bacana. É esse ‘bichinho’ do associativismo que move a gente a desenvolver projetos de empreendedorismo que transformam a vida das pessoas”.
Entre uma troca de experiência e outra, Marcus Casaes, destacou o papel das universidades na oferta de oportunidades para os jovens.
“As pessoas que estão aqui hoje passaram por esses espaços. É lá que essas oportunidades começam não só dentro delas, mas até mesmo antes que esse jovem chegue as universidades. Por isso é fundamental que esse radar esteja ligado para que as pessoas assumam seu protagonismo”, disse.
No final do painel, Pedro Englert, da StartSe deixou um conselho para quem quer fazer a diferença de agora em diante: “dentro desse cenário imprevisível que estamos vivendo, é fundamental ter capacidade de reagir com agilidade, combater as ameaças e capturar as oportunidades. Sermos ambidestros que criam, escalam e na medida que as empresas conseguem fazer isso, elas se perpetuam”. O Agenda Bahia 2022 é uma realização do CORREIO, com patrocínio da Acelen e Unipar, parceria da Braskem e Rede+, apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador, Fieb, Sebrae, Rede Bahia e GFM 90,1 e Apoio da Suzano, Wilson Sons, Unifacs, HELA, Socializa e Yazo.
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