MAI 25, 2021
Walter Romano - Estado de Minas. Confira matéria original aqui.
Em um mundo que exige flexibilidade, com transformações tecnológicas e aumento da longevidade humana, a clássica pergunta feita às crianças fica obsoleta.
(foto: PxHere)
Acompanhar o desenvolvimento de uma criança é fascinante. Um dia desses, meu filho de 3 anos me convidou para listarmos possíveis profissões para os bonequinhos que temos em casa. Seus olhos brilhavam ao ouvir as diferentes atividades, imaginando cada uma delas, individualmente ou combinadas. O veterinário era um exímio esquiador. O astronauta se transformava em um carteiro, tudo isso sem a limitação de rótulos que a vida adulta impõe. Foi aí que percebi que nunca tinha perguntado a ele o que queria ser quando crescer. E que essa pergunta deixou de fazer sentido no mundo em que vivemos.
Não é novidade para ninguém que a automação tem se tornado frequente nos mais diversos segmentos de negócio. A intensificação do uso de robôs e de inteligência artificial vai impactar muitas profissões, eliminando algumas e permitindo a criação de outras, que serão necessárias em um novo contexto de interação entre as pessoas e as máquinas. Fazer escolhas profissionais será cada vez mais complexo e dinâmico.
As profissões relacionadas ao universo STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática) estão em alta. Ao mesmo tempo, as empresas correm atrás de profissionais que tenham as competências comportamentais (soft skills) mais adequadas para o mundo contemporâneo.
O relatório The Future of The Jobs, divulgado recentemente pelo Fórum Econômico Mundial, lista as habilidades emergentes mais demandadas no Brasil. As 5 primeiras são: aprendizagem ativa; pensamento analítico e inovação; criatividade, originalidade e iniciativa; liderança e influência social; inteligência emocional.
Junta-se a este pacote a tendência de aumento da longevidade humana. A chamada economia prateada, composta por pessoas acima de 60 anos, tem despertado a atenção de todo o mundo.
Menos renúncias em cada escolha
O conceito de carreira, como uma trajetória profissional sequencial, induzia cada um de nós a optar por um único caminho ao longo da vida. Mas hoje vivemos em uma lógica não-linear, que permite explorar talentos até então ocultos e conciliar diferentes interesses.
Sabiamente, o futurista brasileiro Tiago Matos costuma dizer que o futuro é o lugar do “e”, e não do “ou”. Esta perspectiva é interessante, pois nos faz refletir sobre a importância de nos desenvolvermos continuamente, habilitando a multipotencialidade que nos fortalece em um mundo que está em constante transformação.
Não sabemos quais profissões vão surgir daqui a 20 anos, mas podemos desde já exercitar nossa capacidade de adaptação para quando chegarmos lá.
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