JUN 13, 2022
Fantástico - G1. Confira matéria original aqui.
'O processo de envelhecimento não acaba com a nossa capacidade de chegar ao prazer. Uma mulher de 70 anos chega ao orgasmo igual a uma mulher de 30', diz a médica especialista em longevidade e menopausa, Beatriz Tupinambá.
Pele sem a textura da juventude, corpos com as marcas do tempo, um namoro lento, sem pressa. Mas cheio de desejo. Para muita gente, ver imagens que sugerem uma vida sexual ativa entre pessoas mais velhas pode causar um certo estranhamento. Ou seria preconceito?
O fato é que estamos acostumados a ver só corpos jovens em situações assim. Como se a vida sexual tivesse uma data de validade.
Só que estamos envelhecendo atualmente muito mais ativos sexualmente. É a nova revolução sexual após os 60 anos.
Beatriz Tupinambá, médica especialista em longevidade e menopausa, lista o que homens e mulheres precisam saber para manter a sua vida sexual ativa. “É preciso ter conhecimento sobre o próprio corpo. Com o processo de envelhecimento, não acaba a nossa capacidade de chegar ao prazer, de chegar ao orgasmo, independentemente da idade. Uma mulher de 70 anos chega ao orgasmo igual a uma mulher de 30”. Ney Messias é especialista em envelhecimento e explica o preconceito dos mais jovens: “Parece que desejo, tesão, é algo que está relacionado unicamente com a jovialidade, por ser jovem, por ter o corpo perfeito. Avó e avô transam, principalmente os da minha geração”, diz. Betth Ripolli é pianista e falou sobre o assunto. "Eu estava me sentindo invisível casada, depois que eu me separei, agora eu estou muito visível, eu estou me sentindo, assim, valorizada como mulher".
Carmita Abdo é psiquiatra e sexóloga e lembra que vida sexual é também parâmetro de saúde. “Só quem tem saúde física e emocional consegue desejo e prazer na atividade sexual. Quando não temos, por exemplo, saúde emocional, a depressão inibe o interesse e, com isso, as pessoas não fazem sexo. Portanto, para ter uma vida sexual saudável aos 60 e 70, temos que cuidar da saúde ao longo da vida”. Ney mora em Belém do Pará. E aos 61 anos está vivendo uma revolução pessoal em todos os sentidos, inclusive o sexual. “Eu percebi nas minhas últimas relações, me relacionando com mulheres muito ligadas ao feminismo, principalmente, que eu fazia tudo errado... Porque não tem homem que não tenha a sua sexualidade forjada na pornografia. Muito poucas preliminares". Com as pessoas vivendo mais e, consequentemente, tendo uma vida sexual mais longa, o uso da camisinha para prevenir doenças sexualmente transmissíveis virou uma questão no mundo inteiro. O publicitário brasileiro Dedé Laurentino vem desde o ano passado fazendo campanhas em Londres para colocar esse assunto em discussão.
“O tabu é combatido quando a gente fala sobre isso. Quase ninguém falava sobre isso, nem eles próprios, então a gente simplesmente expôs pessoas daquele grupo etário tendo uma relação íntima diante das câmeras. Se fossem mais jovens, não ia chamar a atenção de ninguém, mas o fato deles terem 75, 80 anos chamou muita atenção”, conta.
“No mundo todo e, inclusive, no Brasil, o uso do preservativo não é feito de forma regular e, com isso, temos um aumento das infecções sexualmente transmissíveis. Então, o uso do preservativo é fundamental”, lembra Carmita Abdo.
Além de cuidar da saúde e se prevenir contra as doenças sexualmente transmissíveis, a geração pós-60 tem que enfrentar ainda seus próprios preconceitos para continuar a ter uma vida sexual feliz. “Infelizmente, ainda existe essa questão de: eu não estou tão bem, eu não estou magra o suficiente, eu tenho rugas... pré-requisitos que acabam minando o prazer feminino na atividade sexual. É realmente algo muito negativo, porque o sexo é uma fonte de satisfação, libera substâncias positivas: endorfina, dopamina e, com isso, o prazer pela vida acaba acontecendo pela atividade sexual”, garante Carmita.
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