Vamos poder viver até aos 140 ou 150 anos? Há quem acredite que sim
- koala hub
- 13 de abr. de 2023
- 3 min de leitura
JAN 23, 2022
Redação - Contacto. Confira matéria original aqui.
Há cada vez mais centenários no mundo, mas o limite biológico da vida humana é um assunto que divide especialistas.

A pessoa mais velha do mundo, Irmã André, morreu na semana passada, aos 118 anos, e o tema continua a dividir cientistas: a nossa existência é biologicamente limitada ou pode ir aumentando indefinidamente?
No final do século XVIII, Buffon estimou que uma pessoa saudável que não tivesse sofrido quaisquer acidentes ou doenças poderia viver um máximo de 100 anos. À época, os centenários eram muito raros.
No entanto, com a melhoria das condições de vida e o progresso da medicina, os pressupostos sobre o limite da vida humana foram gradualmente sendo alterados. Em 1995, um novo marco foi alcançado quando a francesa Jeanne Calment soprou 120 velas. Morreu aos 122 e continua a ser a pessoa mais velha da história da humanidade.
A título de exemplo, desde 1950 que o número de centenários franceses aumentou dez vezes, de dez em dez anos, para atingir 27.500 no final de 2021, de acordo com o Instituto Nacional de Estudos Demográficos (INED). Em 2060 poderá haver sete vezes mais. Este aumento, associado ao aparecimento desde os anos 80 de "super centenários", com 110 anos ou mais, levanta a tal questão do verdadeiro travão biológico.
Há, ou não, limites à longevidade da vida?
Por um lado, há quem defenda a ideia de que a duração da vida é limitada por restrições biológicas. Num artigo publicado na Nature, em 2016, um grupo de geneticistas mostrou que não tinha havido qualquer melhoria na longevidade humana desde o final dos anos 90.
Utilizando dados demográficos, descobriram que desde a morte de Jeanne Calment, a duração máxima de vida dos seres humanos regrediu, embora haja cada vez mais pessoas idosas no mundo. "Concluem que a vida humana tem um limite natural e que a longevidade é limitada a cerca de 115 anos", disse o demógrafo Jean-Marie Robine à AFP.
"Mas esta hipótese é parcialmente contestada por muitos demógrafos", continua Robine. Em 2018, um estudo publicado na revista Science defendia a ideia de que a taxa de mortalidade aumenta com a idade mas abranda a partir dos 85 anos e atinge um limite máximo de 50% ou 60% por ano por volta dos 107 anos.
Em termos práticos, "com esta teoria, se tivermos 12 pessoas com 110 anos, seis sobreviverão aos 111, três aos 112, etc.", explica o demógrafo. Contudo, com "100 centenários, haverá 50 a 111, 25 a 112, etc... Graças a um 'efeito de volume'".
Num estudo francês a ser publicado este ano, o demógrafo Inserm e a sua equipa mostram, contudo, que a mortalidade continua a aumentar para além da idade de 105 anos.
Alguns especialistas em envelhecimento, como o geriatra Eric Boulanger, não excluem outros fatores que entrarão em jogo nos próximos anos. Boulanger disse à AFP que "manipulações genéticas" podem vir a avançar a idade da morte para 140 ou 150 anos.
Argumentos com cautela
Muitos investigadores preferem manter-se mais cautelosos: "Não há uma resposta definitiva de momento", disse à AFP France Meslé, diretor de investigação do INED. "Mesmo que estejam a aumentar, o número de gerações que atingem uma idade muito avançada é ainda bastante reduzido e ainda não podemos fazer quaisquer estimativas estatísticas significativas", argumenta.
Em resumo, é preciso esperar até haver super centenários suficientes para tirar conclusões mais concretas.
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